sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Vercauteren


Ao fim de um mês, não dá para fazer ideia se é ou não um grande treinador. Certo só que, no Sporting, o provável é falhar, e falhar no Sporting, como as dezenas antes dele, não chegará nem para lhe beliscar a carreira. Funciona tudo tão mal à sua volta, aliás, que um sucesso que seja, deve, no mínimo, pô-lo nas bocas do mundo, com fama de milagreiro.

Há, contudo, pormenores que fazem a diferença. Ontem, a estrutura do clube fez questão de passar mais um absoluta vergonha pública, ao anunciar que, em virtude do adiamento do jogo da Liga Europa, o Sporting recusava-se a entrar em campo na Segunda, para receber o Benfica. Isto porque os regulamentos determinariam a necessidade de 72 horas de intervalo entre jogos. Regulamentos que, como é evidente, ninguém no Sporting se deu ao trabalho de ler. Ninguém coçou sequer a cabeça para se lembrar que a única vitória desde Setembro aconteceu no mês passado... meras 70 horas depois de um jogo europeu.

Como sempre, o Sporting quis ser esperto. Quis envenenar o ambiente do derby, fazendo dele ou uma vitória heróica contra tudo e contra todos, ou uma derrota inevitável, do clube perseguido pelo sistema. Como sempre, foi apanhado com as calças na mão. Em mais um episódio da tragicomédia em que o clube vive, só há uma coisa a reter: Vercauteren. O belga, com perspectivas de futuro difíceis, e que só teria a ganhar se se limitasse a proteger a pele, disse, na primeira oportunidade: "Quem é profissional tem de estar preparado para jogar dois jogos em três ou quatro dias. Não é desculpa."

Realmente ainda não dá para saber se Vercauteren é bom, mau, muito bom ou apenas razoável. Por este exemplo, no entanto, o provável é que seja melhor do que Godinho Lopes merecia.

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