quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"1 deputado do PSD pode votar por 25 na Madeira"


"Que o partido do Alberto João tem um entendimento peculiar da democracia, já sabíamos. Que a população se está a borrifar para esse entendimento ou qualquer outro, desde que dê túneis e subsídios, também sabíamos. Agora, que democracia é um deputado votar por todos, ainda não sabíamos. Lá se vai, de uma assentada, o conceito de representatividade por listas eleitas, o conceito de fiscalização por heterogeneidade, o voto de consciência, a liberdade de voto, a diversidade de ideias e argumentos, a necessidade de debate."
Pedro Correia, no Aventar

"Alberto João Jardim e os esbirros adjacentes escavaram mais um bocado do buraco onde, há muito, enterraram a Democracia na Madeira: agora, um deputado pode corresponder a todos os votos de uma bancada, o que, se não for inconstitucional, andará lá perto. (...) Esta decisão vai permitir que os deputados da maioria se possam dedicar, calmamente, aos negócios que fazem à sombra dos dinheiros regionais. Num futuro próximo, nem será permitida a entrada de deputados da oposição e faltará pouco para que se acabe com as eleições, essa maçada."
António Fernando Nabais, idem

Parabéns a todos os que votaram nele. Devem estar mesmo orgulhosos agora. Somos uma nova Atenas, com a diferença de que parimos conceitos de Democracia muito melhores. Pensávamos que já era degradante que a nossa Assembleia fosse um circo onde a bancada maioritária faz chacota e reprime a da oposição, onde não há uma lei de incompatibilidades ou onde o chefe de governo se recusa terminantemente a dar explicações há décadas; afinal não sabíamos nada, que meninos. Agora é possível que numa sessão da Assembleia em que estejam presentes 1 deputado do PSD e os 23 da oposição, seja esse ÚNICO deputado do PSD a determinar o resultado de uma qualquer moção.

Já sabíamos que debater nunca foi o forte do PSD; então para quê esconder?? Agora, além de Jardim, 96% dos deputados da bancada parlamentar, pagos para serem deputados - esse pormenor -, têm liberdade para ir fazer qualquer coisa de útil da vida, sem terem de se preocupar com essas chatices da Democracia. Basta ter lá um meirinho a tempo inteiro.

Se havia uma réstia de vergonha na cara, foi-se. Mas para quê ainda preocupar-se com isto? A maioria dos madeirenses aplaude e a República vai lembrar o respeito pela Autonomia, enquanto, mais ou menos às claras, vai-lhe perdoar a dívida toda outra vez. E dar-lhe mais uns trocos para gastar, claro, seguidos de um terno cafuné. Tudo vai bem no reino da Dinamarca.

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