segunda-feira, 28 de novembro de 2011

The Tree of Life


Uma obra-prima. The Tree of Life é o melhor filme do ano, um dos filmes da década e seguramente um dos mais incríveis filmes que já vi.

É uma absoluta obra de arte. Vê-lo banaliza de uma forma atroz a esmagadora maioria do resto que vemos em cinema. É de um campeonato tão à parte que diria quase não ter termo de comparação: é um exercício artístico genial, com uma beleza visual e sonora tão arrebatadoras que o tornam praticamente inenarrável.

É supremo. Terrence Malick escreveu e realizou aqui o filme de uma vida. Pela não-linearidade e pelo experimentalismo não é um tipo de obra que me costume cativar, mas em The Tree of Life o fascínio é um dado mais do que adquirido. O argumento, de uma profundidade avassaladora, é ao mesmo tempo incrivelmente subtil, sussurrado. Fazer um filme destes com tão poucas linhas é outro dos toques de génio, porque ninguém se ressente do pouco texto, está tudo lá. Mas é, acima de tudo, uma realização estratosférica, um perfeito rasgo de criatividade difícil de descrever. São mais de 2 horas de um realizador possuído pela inspiração de uma visão, capaz de criar num delírio ilimitado, capaz de canalizar toda a beleza do mundo, dos elementos, do espaço e de tudo o que nos rodeia numa infinidade de planos condenados a deixar-nos boquiabertos.

The Tree of Life é um bocado de vida, um retrato da vida, como se a vida fosse qualquer entidade que podemos agarrar, abrir e explorar. Se pudéssemos filmar a vida, filmar as suas facetas, The Tree of Life seria esse filme. A primeira hora - sobre as origens do mundo - é de pura abstracção, quase nem diálogo tem; depois fala-se de amor, família, fé, perda e morte, das experiências que fazem de nós o que somos e, acima de tudo, do que é crescer, através das memórias de infância de um homem de meia-idade. Brad Pitt está muito bem numa figura venerável de pai autoritário, Jessica Chastain tem uma delicadeza de presença que assenta no papel, mas é incontornável que este não é um filme de performances individuais, mas um show de criação e de realização.

Como se não bastasse, tem pura e simplesmente a melhor banda sonora que alguma vez ouvi, da autoria de Alexandre Desplat. Um arraso autêntico, num registo clássico monumental, presente de forma constante em pelo menos 2/3 do filme.

The Tree of Life é majestoso. Já ganhou a Palma de Ouro, merece muito mais, mas merece sobretudo ser visto. Para um filme destes os prémios são só uma formalidade: o que não pode deixar de ter é a oportunidade de nos arrebatar a todos.

9/10

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