domingo, 20 de novembro de 2011

A inelutável ingratidão do futebol


Este Chelsea é uma equipa que se gosta de ver jogar. Futebol apoiado, técnico, uma ideia em campo, que se traduz num jogo positivo, atraente, com bolas mais do que suficientes para ganhar praticamente todas as semanas. Como na maior parte dos casos, no entanto, há outras coisas que só vão ao seu sítio com tempo ou com um contexto favorável. A disponibilidade mental, a capacidade de encaixe e de sacrifício, e a cultura de vitória são algumas. Noutro contexto, e com o que é capaz de jogar, este Chelsea teria sempre ganho hoje ao Liverpool, e estaria taco a taco na luta pela liderança. Contudo, depois de 2 derrotas nos últimos 3 jogos, e com a pressão de ver Manchester cada vez mais ao fundo no horizonte, correu tudo tão mal quanto poderia, com o balde de gelo a cair inclusive a três minutos do fim...

Infelizmente para Villas-Boas e para o Chelsea não existe tempo na Premier League mais exigente do pós-Mourinho. Ferguson lidera o United há um quarto de século, Mancini precisou de três anos para fazer do City um candidato ao título. A Villas-Boas exigia-se compostura e andamento num par de meses, e ainda por cima apanhou pela frente nada menos do que duas trituradoras made in Manchester.

Com a derrota de hoje é preciso mais do que um milagre para o Chelsea ser campeão. Abramovich queria o toque de Midas de um novo Mourinho, porque é assim que o russo funciona, mas Mourinho só há um; o que não invalida que AVB seja, de facto, um excelente treinador. Acredito que se Abramovich lhe der a oportunidade não se irá arrepender; mas Villas-Boas sabia ao que ia e sabia que no Chelsea, acima de todos, não teria tempo. Não foi feliz.

Sem comentários: