terça-feira, 26 de junho de 2012

Californication, a redenção


A season 1 é monumento.

A 2 não se transcende, mas concretiza-se. Tem o melhor secundário (Callum Keith Rennie, o fantástico Lew Ashby), e o melhor episódio (arrepiante a tocar Pearl Jam, como segue abaixo).

A 3 e a 4, no entanto, desiludem. Perdem o rumo, são redundantes, param no tempo. Ficam pelo espectáculo, pelas mulheres, pela cabeça perdida e pelos círculos de sempre, como se a série já tivesse dado o que tinha a dar.

A 5 é redenção.

Não é que Hank tenha deixado de ser bigger than life, ou que Californication tenha deixado de se gostar, mas tornou-se penosa a falta de codícia para reinventar aquilo, e para dar um golpe de asa, e surpreender. Sobrou espectáculo comercial, e o que estávamos todos à espera de ver, uma e outra vez. Assim, o caminho para o esgotamento era inevitável.

A season 5 foi recuperar-lhe o coração. Não por ter sido perfeita - o início não fazia adivinhar -, mas por ter querido finalmente seguir em frente. E pudemos ver outro Hank, não o que se destrói sozinho, impotente face à falibilidade do amor, mas o que já bateu vezes suficientes para poder ter distância, o que cala, sacrifica, e se afasta, o que está disponível para fechar finalmente um ciclo. Não que o feche, ao fim e ao cabo, mas essa maturidade de ver e viver as coisas, essa adultez de se colocar em perspectiva e de se afastar, dá o toque que lhe faltava, e dá-lhe ainda mais tamanho.

No fim, baralha-se e volta-se a dar - com caos, com impotência, com um nó no âmago -, mas já não houve a sensação de mais do mesmo. Californication mudou, mesmo que fique igual. Cresceu, como os protagonistas, fez jus ao seu potencial. Se a matriz continua a ser triste e o romance continua a escapar-se por entre os dedos, é porque não poderia ser de outra maneira.

A season 6 já foi confirmada. Não sei se há espaço para continuar a criar, mas a equipa ganhou, pelo menos, o benefício da dúvida. Para mim, contudo, a ter acabado agora, teria saído em grande. À sua altura.

P.S. - Apesar de um histórico infernal de mulheres - que inclui Addison Timlin, Eva Amurri Martino e Carla Gugino -, o jeito de Natascha McElhone continua a ser de um campeonato à parte.


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