segunda-feira, 11 de junho de 2012

EURO, #4: Sheva, almost too easy


 Ucrânia-Suécia, 2-1

Ao quarto dia, o Euro selou o seu primeiro mito.

Como nas grandes histórias, estava tudo contra o mais pequeno: a Ucrânia, que se estreou hoje num Campeonato da Europa, era pior no papel, e viu-se a perder; foi quando, com a multidão a seu lado, se ergueu um velho gigante, para dar duas cabeçadas no jogo, e fazer com que no fim ganhasse mesmo o herói. Extraordinária a performance de um Shevchenko com 35 anos, que passou a época lesionado, e que há muito enfrenta o ocaso. Mas não hoje. Com a equipa de joelhos, perante um grande adversário, não havia mais ninguém capaz de ir buscá-la ao fundo do poço. Então, mesmo que só por uma noite, Sheva foi Sheva novamente.

Grandíssimo jogo este Ucrânia-Suécia, a muitas milhas melhor do que o outro jogo do grupo. Ambas as equipas surpreenderam pela tremenda qualidade posta em campo. Os ucranianos não esbanjam fluidez, têm recursos mais ou menos limitados, mas isso não lhes cortou a ambição: investiram num plano de jogo atraente, absolutamente positivo, com muita disponibilidade para chegar ao ataque, e sempre com muita gente. Os suecos, com outro tipo de cultura, de opções, e de consagração, foram mais adultos e objectivos, beneficiando de uma saída de bola perfeitamente agilizada pelo talento de Ibrahimovic em posse, e facilitada pelo quadro de avançados.

A Ucrânia pareceu estar mais perto do golo inaugural, com todo o peso emocional que esse tem, mas mesmo antes de Ibra ter marcado, já o jogo parecia insinuar-se para a mão sueca. Nos entretantos, foi sempre cativante e aberto, cheio de oportunidades. Com 1-0, não pareceu crível o que estava para vir, e até ao fim é honesto dizer que os suecos mereceram o empate. Hoje, contudo, o futebol já tinha escrito a sua história.

Ucrânia - Além do óbvio, impressionou o jogo de um miúdo de 22 anos do Dnipro: Konoplyanka. Numa equipa atraente mas de pouco rasgo, foi ele o escape criativo. A jogar na extrema-esquerda, brilhou nas diagonais, quer a rematar, quer a endossar a bola. Também o veterano Nazarenko esteve em evidência: na sua paz de alma, foi muito importante a dar a bola no meio-campo sueco.

Suécia -  Jogaço de Ibrahimovic, que as crónicas não lembrarão. Ibracadabra foi um pivot extraordinário, que possibilitou que toda a máquina sueca funcionasse. Todo o jogo assentou nele, precisava dele para funcionar, e haveriam poucos que o tivessem feito tão bem. E ainda marcou, claro. Larsson, na extrema-direita, e Rosenberg, à frente de Ibra, foram quem melhor soube aproveitar essas dinâmicas.

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