Polónia-Rússia, 1-1
Grande jogo, a confirmar mais duas belas selecções no torneio.
Os polacos foram uma excelente surpresa. Não os tinha visto na abertura, e esse jogo ficou manchado por uma série de casos, pelo que não contava ver uma equipa tão atraente. À semelhança da Ucrânia, por exemplo, a Polónia é uma selecção discreta, mas bastante fiável, de ideias claras, e que respira saúde. Assente numa defesa muito forte, é, depois, no momento de transição que a equipa se transcende: poucos toques, muita velocidade, e está o ataque a fazer mossa. Apesar da Rússia ter outro nível, e aspirações e qualidade para mais, os polacos foram mais perigosos, e o remate sensacional de Błaszczykowski trouxe a justiça que o jogo merecia. Num grupo que ficou hoje aberto, a Polónia merece alimentar aspirações de fazer a surpresa.
A Rússia não teve o deslumbre da goleada inaugural, mas não engana: a equipa de Advocaat é verdadeiramente senhorial em posse, e consegue monopolizar o jogo durante muito tempo. Depois, tem uma vasta elasticidade táctica, que a torna capaz de ser quase tão competente no contra-ataque como em ataque continuado. Hoje, os russos não foram perfeitos - foram mais susceptíveis do que seria de esperar ao ataque polaco, e não tiveram inspiração suficiente para abrir a defesa do adversário -, mas o recorte e a naturalidade do seu jogo chegou a impressionar. O grupo está baralhado, mas a Rússia está num patamar acima dos adversários, e será uma grande surpresa se não estiver nos quartos-de-final.
Polónia - Lewandowski (23 anos, Borussia) é um ponta-de-lança impressionante. Tem físico, mobilidade, e o remate fácil dos grandes avançados, além de que é forte a jogar de costas. Muitas vezes sozinho, foi suficiente para ter a defesa russa sempre em esforço. Polanski (26 anos, Mainz) é um box-to-box com uma facilidade brutal para chegar ao ataque. Teve um golo anulado e outra grande oportunidade. Błaszczykowski (26 anos, Borussia) materializou o contra-ataque polaco, com o seu pique impressionante, e ainda marcou um golo de levantar o estádio. Finalmente, numa defesa muito dura, Perquis (28 anos, Sochaux) mostrou ser um central fortíssimo, com um talento especial para cortes tecnicamente difíceis.
Rússia - O experiente meio-campo do Zenit deixa água na boca. Denisov (28 anos), Shirokov (30) e Zyryanov (34) são um tiki-taka em miniatura: toque curto, paciência e critério. São a matriz do futebol da equipa, os seus guardiães e grandes intérpretes. Aos 28 anos, Zhirkov provou, na lateral-esquerda, o crime que é andar pelo Anzhi. Continua a ser quase um extremo, e foi o mais repentista dos russos. Nem sempre feliz nem bem acompanhado, Arshavin continua a fazer a diferença no último terço.
Grécia-Rep. Checa, 1-2
Grande surpresa, em prejuízo da Grécia. Os homens de Fernando Santos tiveram mais um jogo atípico, com dois golos sofridos nos primeiros 6 minutos!, e nova arbitragem penalizadora (golo mal anulado), e ficam agora obrigados a ganhar à equipa mais forte do grupo para seguir em frente. Só vi parte do jogo, e nem checos nem gregos impressionaram. A equipa de Bílek tem todo o mérito pela maneira como entrou em campo, e como se aguentou depois do frango de Cech, mas mostrou pouco. Na retina, o lateral-direito Selassie (25 anos, Slovan Liberec), muito ofensivo, e que faz a assistência para o 0-2. A Grécia não foi feliz, e teve o tal golo mal anulado, mas, no global, nunca mostrou engenho que lhe valesse muito mais. Pela amostra de hoje, as duas melhores equipas do grupo estiveram no outro jogo.
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