segunda-feira, 25 de junho de 2012

EURO, #13: 5 minutos de graça, 85 de demolição


Alemanha-Grécia, 4-2

Prova bestial de força alemã.

No grupo da morte, a Mannschaft preferiu jogar pelo seguro. Certa sem acelerar, a pensar duas vezes, jogou quase só o que era preciso. Não é que tenha enganado alguém a respeito do seu potencial, mas sugeriu que, porventura, a sua carga ofensiva andasse por estes dias mais domada. Puro engano. Também é verdade que o adversário foi mais fraco do que qualquer outro do grupo B, mas os alemães entraram com sangue nos dentes, e arrancaram para um massacre mal ouviram o apito inicial. Deu para tudo, inclusive para Löw abdicar de todo o ataque titular, como se isso fosse uma coisa comum, sem perder um décimo de poderio. Foram quatro, poderia ter sido mais do dobro. A Alemanha deu um espectáculo ofensivo, e provou, se é que era preciso, que está no Europeu de corpo inteiro.

A Grécia guardará na memória aqueles 5 minutos depois do golo de Samaras, e até ao 2-1, em que pareceu ter sete vidas e desafiar todas as leis do universo. Nesses minutos, e pese o que a Alemanha estava a jogar, não terá havido nenhum alemão que não achasse ter sido apanhado num qualquer golpe de teatro, numa armadilha perversa, por parte de uma Grécia que já tinha escrito a história do jogo, e que se limitara, até ali, a entreter-se com a ilusão da presa alemã. Não foi mais do que Deus a jogar aos dados, claro, e Khedira fez questão de bombear as coisas de volta à realidade pouco depois, mas foram 5 minutos da magia metafísica que celebrizou os gregos. O 4-2 final foi altamente lisonjeiro - como disse Löw, a Grécia teve uma oportunidade e marcou dois golos -, mas traduziu a compostura que os gregos insistem em plasmar, independente às suas imensas limitações.

A Mannschaft segue com quatro vitórias, e salvo erro, pode ser a primeira selecção a ganhar todos os jogos de um Europeu. É evidentemente favorita nas meias-finais, mas a Itália será o seu maior teste até agora, e não haverá forma da derrota de 2006, no berço desta geração, não pairar na mente alemã.

Alemanha - O melhor jogo de Ozil até agora, e a confirmação de um Europeu magnífico para Khedira. Na retina ficou a estreia do entusiasmante Marco Reus (23 anos, que já custou 18M€ ao Borussia, para a próxima época), um extremo-direito que se percebe de alto nível, com um excelente remate. Na outra ala, na epopeia dos suplentes, também deixou marca Schürrle (21 anos, Leverkusen), um destro ainda verde, mas cheio de talento. Não bastava a Alemanha andar fortíssima há tantos anos, e está na calha outra geração de luxo.

Grécia - Numa equipa que só defende, destacar ironicamente dois avançados: Salpingidis (30 anos, PAOK), inventou na ala direita uma grande assistência e marcou o penalty, confirmando-se como o grego mais perigoso. Não é espectacular, mas é um extremo muito fiável e criterioso. Na ala-esquerda, mora, por sua vez, um tipo inestético, que parece tudo menos jogador de futebol, mas que, no seu jeito atípico, estica a equipa, deixa-a respirar, e ainda serve de referência: Samaras (27 anos, Celtic, e já andou pelo City).

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