sábado, 28 de abril de 2012

Guardiola


Não sou fã, porque nunca gostei nem da postura nem do discurso. Se calhar o problema é meu, e não sei se ele o fazia com mais ou menos intenção, se era mais ou menos genuíno, nem sei se algum dia saberemos dizer. Mas sou alérgico a condescendência, e Guardiola soou condescendente vezes de mais. Púdico, politicamente correcto, a definir um tom beatificável para um Barça que, muitas vezes, parecia ter a ambição de o ser. Não é do meu feitio.

Ainda assim, não está em causa o resto, nunca esteve. Mais do que os 13 títulos em 4 anos - tricampeão espanhol, bicampeão europeu e mundial -, Guardiola cunhou um estilo, e se calhar cabem nos dedos de uma mão todos quantos alguma vez puderam dizer isso. Que o Barça não começou com ele, e que tem décadas de uma filosofia que suporta tudo o que Guardiola capitalizou, é indiscutível. Talvez até seja verdade que ele não inventaria esta equipa em mais sítio nenhum do mundo. Ver algum jogo do Barça é, contudo, um exercício mais do que suficiente para perceber o que isso tem de pormenor, perante o nível do que Pep criou. Não foi só ganhar, foi ganhar tanto, a jogar tanto, tanto, tanto. Não há mais nada a provar. Com toda a propriedade, esta será a equipa que, daqui a muitos anos, diremos que vimos jogar.

O debate sobre o melhor treinador de sempre nunca terá resposta. Da minha parte, desconfio que não verei nenhum melhor do que Mourinho. Independentemente de tudo, e do que acho de Guardiola, hoje só vale a pena dizer uma coisa: alguém que engrandecia tanto o Jogo, fará sempre falta.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Haja Euskadi em Bucareste


Uma equipa de jogadores da tua terra, só. Nascidos ou, como determinam os estatutos do clube, pelo menos criados. Um mundo à parte.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tão estupidamente tangível


A glória estava ali, a uma distância ridícula. Não que o adversário não fosse um colosso, mas depois de tudo o que se jogou este ano, era mau demais pensar que os longos 90 minutos do Bernabéu não chegassem. 2-0 aos 15 minutos. A Liga ganha no Camp Nou no fim-de-semana, o recorde de Mourinho, os recordes de Ronaldo, o estrondo do Barça ontem, uma equipa com os dois pés na História. Com tudo os deuses acenaram ao Real, só para que o pudessem derrubar com toda a perversidade possível. Ronaldo com as mãos na Bola de Ouro ao quarto de hora, e tão desoladoramente sacudido quando Neuer não se deixou enganar pela segunda vez. E Mourinho, 3 vezes aos penalties em meias-finais da Champions, e 3 vezes caído. Era desta, só não podia ser tão fácil. Foge-lhe a tripleta, uma vez mais. No auge do Barça-Real, com a final vendida há semanas, haverá Chelsea-Bayern. O Jogo nunca dá nada como garantido.

O Bayern merece absolutamente a final. Jogou uma liga diferente entre portas, mas fez uma eliminatória brilhante e, no balanço dos dois jogos, foi melhor. Não era para todos jogar assim no Bernabéu, com tanta imponência, tanta certeza de si, quando o adversário tem o mundo a seus pés. Neuer e Robben foram grandiosos. Mais Alaba, Schweinsteiger, Gómez, um verdadeiro equipazo. É justo que possam jogar a final em casa, mesmo que, num ano de ironias do destino, isso deva dar que pensar ao exército de Heynckes.

Em Munique, claro, serei pelos velhotes. Que Drogba e Lampard saiam pela porta grande.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

Houve futebol


Gostei de ver o Barça cair, não adianta ser hipócrita quanto a isso. Foram 4 anos longos, em que aconteceu muita coisa e onde, algures no caminho, se perdeu o meio termo. O mérito é deles, admito. Só uma grande equipa tem o dom de extremar posições, de ser por eles ou contra eles. O Barça foi isso. Sou por Mourinho e por Ronaldo, acima de tudo, mas, pelo meio, sei que nunca sou pelo Barça. O que são já aqui escrevi muitas vezes. Ser contra era a pequena vitória de todos quantos são pouco apegados a equipas providenciais, numa era em que aquele onze pareceu tantas vezes imbatível, infalível e inevitável. Esta semana pode não ter marcado o fim do projecto-Guardiola, e não é provável que o tenha feito, mas matou, para a História, o Barça inumano, que não podia ser derrotado. O hara-kiri, como tinha de ser, aquele penalty de Messi à trave, cruelmente poético. Não podia ser de outra maneira.

Não sou fã do Chelsea, mas fiquei feliz, quer pelos que admiro desde os velhos tempos do feiticeiro em Stamford Bridge - a trindade Terry, Lampard, Drogba, mas também Cole ou Cech -, quer pelos novos, do nível de Meireles e Ramires. Ao fim e ao cabo, o Jogo voltou a ser o Jogo. No fim, qualquer um pode ganhar, mesmo um Chelsea humilde e ultrapassado, engolido pela época e condenado ao esquecimento, com um treinador interino, a jogar 60 minutos com 10, e três horas fechado na sua área. Não tem de fazer sentido. Só é futebol se for sempre possível, e hoje o Camp Nou viu um jogo digno desse nome.

Os donos do 25 de Abril



"Sou solidário com os 'capitães de Abril'. Acho que o 25 de Abril foi uma grande revolução, e acho que a política que se está a seguir é uma política contra aquilo que é o espírito do 25 de Abril. Vou fazer isto: ser solidário e não ir também às comemorações a que fui sempre"
Mário Soares

Lamentar o 25 de Abril é o nosso fetiche. Tenho 21 anos, e acho que não me lembro de uma vez em que tivéssemos sido unânimes sobre os efeitos da Revolução, e agradecido a deus por não vivermos numa ditadura que perseguia, torturava e matava pessoas. Não não, para nós o 25 de Abril é um cancro nacional, uma oportunidade perdida, um jorro de dinheiro que se esvaiu, um povo que não aprendeu, que não evoluiu, um povo que se perdeu, um povo que, no limite, era capaz de estar melhor no Estado Novo. Ninguém gosta do 25 de Abril, e o 25 de Abril não tem verdadeiramente nenhuma virtude. O 25 de Abril só foi bom quando aconteceu. Um dia o 25 de Abril teve todo o esplendor do mundo, foi perfeito e infalível. Nos 40 anos seguintes, foi a razão do nosso choro, da nossa pena e do nosso falhanço colectivo. Todos os problemas deste país são o 25 de Abril. Dizer mal do 25 de Abril, do que fomos depois dele, é o desporto nacional. É como bater no ceguinho, liberta-nos. Tão melhor que estávamos numa ditadura que perseguia, torturava e matava pessoas.

A decisão de Mário Soares, Manuel Alegre e dos capitães de Abril em faltar amanhã às comemorações na Assembleia da República é de uma grosseira falta de respeito. Eles viveram o antes e o depois, eu não. Mas são eles quem enche o peito e, de tão importantes, ficam em casa, no momento pós-Revolução em que o país mais precisa deles. As estrelas são eles, isto é o palco deles, olhem para eles, ou, como disse Manuel Alegre, o protesto tem "um grande significado político, que não deve ser ignorado". Porquê? Porque as estrelas não vão estar lá.

Soares foi autoridade durante 20 anos, Alegre deputado durante 30, os capitães lobby há 40. Mas, quais decanos do profético desígnio nacional, são inculpáveis pelo estado a que o país chegou. Eles foram os profetas, os poetas, a inspiração. Se isto não é a Utopia, é porque o Sócrates e o Passos Coelho meteram água, é porque nós, de alguma maneira, não soubemos estar à altura. Então, como o 25 de Abril é deles, ficam em casa, porque nós somos capazes de não conseguir viver com isso.

Soares, Alegre e os Capitães foram o que foram, mas não são o 25 de Abril. No máximo, deviam viver para estar à altura do que um dia tornaram possível. Se acham que este é o momento para dizer que o 25 de Abril não valeu a pena, não estão.

domingo, 22 de abril de 2012

A noite dele


Como nas grandes histórias, os heróis tinham de aparecer todos ontem, e numa das noites que o futebol mundial lembrará por muito tempo, a coroa foi de Ronaldo. Não consigo descrever a alegria que senti por aquele golo. Ninguém precisava tanto, e ninguém o merecia tanto como ele. Numa das rivalidades mais celebradas que o Jogo já viu, Ronaldo nunca teve uma folga, uma escapatória. Como disse Scolari há tempos, o único problema de Ronaldo é Messi. Sem ele, estes seriam os anos de Ronaldo, sem ninguém sequer remotamente perto. Calhou-lhe, contudo, viver o auge ao mesmo tempo de um dos pouquíssimos que alguma vez também marcou tanto, a um nível tão alto, e durante tanto tempo, e que, por acaso, joga numa fábrica de filosofia, que concebeu a melhor equipa da História. Ronaldo será um gigante, mas terá de viver sempre com a injustiça do termo de comparação com um extraterrestre.

Nos três anos que leva em Madrid, o estigma de perder para o Barça e para Messi teria sido suficiente para consumir quase todos. Mas não Ronaldo, e, sobretudo, não ontem. Messi é talento, tem a iluminação dos predestinados, mas Ronaldo tem a resiliência, a vontade avassaladora de ser melhor, e uma capacidade de transcendência que Messi nunca terá. Às pequenas vitórias, como o golo na Taça do Rei ou a Bota de Ouro do ano passado, faltava a derradeira afirmação, o passe para o Olimpo, o momento em que Ronaldo tivesse sido o número 1, e o número 1 sozinho. Aconteceu ontem, no segundo em que a bola saiu açucarada da canhota de Ozil, e foi tão perfeito como poderia ter sido. Naquele cheque-mate, três minutos depois do empate, Ronaldo dobrou sozinho toda uma Armada Invencível. Naquele instante, não existiu nenhum Messi no mundo.

Ontem foi o dia mais alto da carreira de Ronaldo. Nunca, nos últimos 4 anos, a Bola de Ouro esteve tão perto.

A História fechou um capítulo


O Real foi ao Camp Nou ganhar a Liga. Foi, de facto, mesmo que quase 24 horas depois continue a ser difícil de acreditar. Que o Real era a única equipa do mundo capaz de lá ir buscar uma vitória destas, todos sabíamos. Que se havia alguém capaz, Mourinho e Ronaldo eram esse alguém. Mas quantos poriam as mãos no fogo? Mourinho sentou-se no Camp Nou, pela primeira vez como treinador do Real, há um ano e meio. Era um Mourinho campeão europeu, um Real entusiasmante, e o mundo esperava boquiaberto para ver o fim do projecto futebolístico de Guardiola, derrotado na Europa no ano anterior. Toda a gente sabe como é que isso acabou. O ano foi mortificante, e nem a Taça do Rei serviu de lembrança. Pela primeira vez, Mourinho não foi campeão no ano de estreia.

Este era o ano. Mas o Barça veio da praia e levou a Supertaça e, no Natal, foi ao Bernabéu deixar a prenda de sempre. Como é que se salva uma época assim? Não se salvava, para mim. Mas, dois meses, e havia 10 pontos de vantagem. Meu deus, era este mundo e o outro, Mourinho tocava o céu, Mourinho tinha feito o milagre, mais um. Mas não poderia ser assim tão fácil. E o Real, de imenso e senhorial, a bater todos os recordes da História do futebol espanhol, chegou ontem a uma unha negra de perder tudo. A semana começou com um jogo pavoroso em Munique; ontem era o golpe de misericórdia.

Só daqui a muitos anos compreenderemos o verdadeiro alcance desta época do Real. Mais do que isso, como é que se a fez e viveu, com tantos altos e baixos, tanta pressão, tanta exigência, tanta coisa contra. Ao Real exigia-se tudo, exige-se sempre, mesmo que do outro lado esteja a melhor equipa da História. Digo-o sem as condescendências tão caras a Guardiola, porque acho que o Barça é exactamente isso. Não acredito que, em qualquer outra época, alguma equipa alguma vez tenha sido capaz de jogar tanto, durante tanto tempo. E com tanta coisa fora do guião, tanta imperfeição, tanta falibilidade, ontem, com tão poucos a acreditar, o Real entrou no Camp Nou e foi fazer História. Do vazio, quando estava tudo em causa, no momento em que estava com um pé no abismo, com rigorosamente tudo a perder, Mourinho tombou a melhor equipa de sempre.

Para mim, é aqui que isto deixa de ser futebol e passa a ser outra coisa qualquer, metafísica. Era normal que Mourinho perdesse. O universo empurrou-o para ali, estava escrito. Mas ontem, 10 Real-Barça depois do 5-0, depois de tê-los perdido quase todos, Mourinho foi ao Camp Nou ganhar pela primeira vez na carreira, e ser campeão espanhol. É qualquer coisa de assombroso. Por muitos anos que viva, nunca duvidarei que só um homem teria sido capaz de ganhar aquele jogo ontem, o jogo onde tudo se jogava, o jogo que poderia fechar um capítulo da História.

Mourinho será o primeiro homem a ganhar as três grandes Ligas em toda a História do futebol. Se ganhar a Champions, será também o primeiro a ganhar a maior competição de clubes do mundo por três equipas diferentes. Um dos maiores legados dos nossos dias será ter visto treinar o melhor de todos os tempos.

sábado, 21 de abril de 2012

O Sporting europeu


Questiúnculas à parte, fico contente com a Liga Europa do Sporting, e torço sinceramente para que cheguem a Bucareste. Este ano disputam o lugar com o Marítimo, e o jogo não tem sido sempre limpo, mas, lá fora, ainda sou dos que vestem a camisola. É brilhante, num país onde não é regra trabalhar bem, que, na última década, se tenham conseguido tantas coisas grandes nas eurotaças. Só nos últimos dois anos, os três magníficos na Liga Europa do ano passado, os quartos do Benfica na Champions deste ano, e este Sporting tão perto da final. Olhamos para o ranking, e estamos nos calcanhares dos... italianos, 4ºs classificados. Nem tudo é bom no futebol português, mas ele, se calhar, é muito melhor do que se pensa. E o que se faz na Europa é bom para todos, torna-nos a todos melhores.

Não tenho podido ver os jogos europeus do Sporting, mas parece-me indiscutível enaltecer Sá Pinto. Tem-se elogiado a preparação, a humildade, a táctica e a vontade, mas a chave de tudo é a cabeça. Ser ele o líder fez o clique, nos jogadores e nos adeptos. Sá Pinto teve o mérito de saber fazer o resto. Numa época destinada a um fracasso rotundo, andar agora nestas contas é de uma ironia poética. Globalmente, Sá Pinto não será melhor treinador do que Domingos, mas, com Domingos, este Sporting não estaria com um pé numa final europeia. É esta a beleza do jogo. Às vezes, ser melhor é um pormenor; o que é preciso é querer realmente sê-lo.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

"O Real tem Ronaldo, o Barça tem Messi, nós temos Falcão"


Escrevi, da última vez, que só Benzema era equiparável a Van Persie como melhor 9 do mundo. Fui injusto, porque me faltava claramente um: na Liga das Ligas, Falcão faz questão de provar, todos os dias, o seu lugar entre os maiores. Será sempre subjectivo, e é natural que, por ter jogado cá, lhe dediquemos particular atenção, num campeonato de outros grandes senhores, como Higuaín, Llorente, Soldado ou Negredo. Mas vemos Falcão, e faz sentido colocá-lo numa categoria diferente. Num Atlético instável e eternamente errante, condenado a viver aquém do seu potencial, espreitar os 40 golos na época de estreia, e pôr a equipa no limiar de uma final europeia, é coisa de gente que só pode viver à parte.

Van Persie é o homem que resolve. Técnica e eficiência, aquele com quem se pode sempre contar. Benzema tem classe até a andar, é o avançado dos grandes jogos. Falcão, por sua vez, é um jogador de playstation, uma explosão de agilidade, faro e remate, capaz de inventar um golo de todas as formas que alguém já marcou um. Não tem a notoriedade, nem a Liga dos Campeões, mas o nível é o dos dois primeiros, não haja dúvidas disso. Estar no Atlético é uma contingência. Tanta gente já debateu, Pinto da Costa incluído, mas é, de facto, uma não questão: como a colocou Luís Sobral, são coisas do futebol, e, na época passada, por acaso, só uma equipa tinha necessidade e dinheiro suficientes para levar para casa um jogador assim. Acontece, nem sempre o jogo é justo para com o talento. Quem sabe amanhã. E, no caso de Falcão, os 45 milhões pagos há menos de um ano parecem cada vez mais um pormenor.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Um Real que morre todos os dias


É extraordinário que, com Sérgio Ramos em campo, o Real não tenha, pelo menos, o dobro dos actuais golos sofridos. Em todos os jogos, é um choque renovado constatar a forma como alguém tão bom física e tecnicamente consegue ser tão burro a jogar. Qualquer jogada com Sérgio Ramos tem a fiabilidade de um lançamento de dados: há tantas chances de sair um corte extra-terrestre, como uma falha de marcação, um erro de leitura ou uma falta demente. Esta época, Ramos já deve ter posto a equipa em cheque centenas de vezes. Tivesse físico ou pés ligeiramente piores, e era um jogador de 3ª divisão. Ao seu lado, nos dias que correm, Pepe parece um Maldini, até porque Arbeloa também é de menos, e Coentrão tem feito um ano para esquecer. Ao contrário de todas as equipas de Mourinho, a defesa tem sido o cancro deste Real.

O Madrid perdeu em Munique porque nunca mereceu melhor, mesmo frente a um Bayern distante do fogo de outras noites. A equipa chega à fase em que tudo se joga envergonhada e incompreensivelmente deprimida. Em todo o último mês o Real pareceu caminhar sobre brasas, do Gijón em casa ao Allianz Arena. Hoje, a equipa já nem consegue disfarçar o desconforto; parece todos os dias mais mortificada, impotente perante a desgraça que se insinua no horizonte. Do Porto ao Inter, Mourinho já ganhou muita coisa sem darem nada por ele. Infelizmente para si, a sua história em Madrid decide-se mesmo nos dois jogos que vêem, quando é ele quem tem tudo a perder.


P.S. - Van Persie só tem um rival para melhor avançado do mundo: Karim Benzema.

Fechar meio país


Eficiência, oferta e procura, etc, eu, pelo menos, esforço-me por compreender. Não sou do tipo de criticar a direito, gosto de fazer um esforço antes. Portugal é um país litoralizado, bipolarizado, em crise, e desequilibrado, e que, portanto, tem de fazer opções e sacrifícios. Faço um esforço por compreender. E a verdade é que, em muitas coisas, somos um povo mal habituado, ineficaz, acomodado, àquem do seu potencial e habituado a viver acima das suas possibilidades. Não que entre no discurso do sofrimento que liberta, que marcou o primeiro ano de Passos Coelho, mas temos de repensar o país, para nosso próprio bem. Tento sempre racionalizar.

Ao mesmo tempo, vejo a normalidade atroz com que se vai ceifando o interior, e não me consigo convencer do certo daquilo. Fecham-se hospitais, esquadras, tribunais, porque os números aconselham, e os números é que mandam. Não há pessoas suficientes, dizem os números, então deixa-se as que sobram à sua própria sorte. Que venham para a costa, emigrem ou esperem pelo destino no sítio onde tiveram o azar de nascer, porque este é um país que já não se pode dar ao luxo de ter gente em Bragança, em Beja ou em Viseu.

Tira-me do sério que haja gente a fazer manifestações pelo fecho de uma maternidade em Lisboa, porque os filhinhos nasceram lá, e que o encerramento de tribunais em Bragança seja uma nota de rodapé. Gostava de continuar a acreditar que, com todos os defeitos, este é um país que continua a valer a pena, de Trás-os-Montes ao Atlântico. Infelizmente, quando é para fazer sacrifícios, o pão nosso de cada dia é continuar a despovoar. Podíamos ter um país mais equilibrado, mais saudável, e mais competitivo; para quem nos tem governado, contudo, o que não seja Lisboa ou Porto, é tempo perdido e dinheiro gasto. Somos um país condenado a pensar pequeno.10 milhões parece pouco, mas, para nós, é demais.

Afinal, estou-me a cagar para os números. Se achamos razoável fechar meio país, é porque já desistimos dele.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Van Fuckin Persie


"David Silva, Sergio Aguero e Joe Hart estão entre os seis nomeados a melhor jogador do ano em Inglaterra, na votação do sindicato de jogadores. O trio do Manchester City tem a concorrência de Wayne Rooney (Manchester United), Robin van Persie (Arsenal) e Scott Parker (Tottenham), este último o mais recente capitão da seleção inglesa. Kun Aguero está ainda na lista para melhor jogador jovem. Concorre com Gareth Bale (Tottenham), Alex Oxlade-Chamberlain (Arsenal), Daniel Sturridge (Chelsea), Kyle Walker (Tottenham) e Danny Welbeck (Manchester Utd)." 
no maisfutebol 

Gosto da justeza dos ingleses nestas coisas. A escolha é dos jogadores, numa votação enaltecida, e sem intelectualismos nem favores, o exacto oposto do que fazem a UEFA e a FIFA. O United, por exemplo, a caminho do título, tem menos nomeados do que City e Tottenham, e os mesmos do Arsenal. Se me pedissem uma lista, se calhar não mudava nenhum dos 11 nomes. É bom quando reconhecer o mérito é assim. Simples.

Agüero ganhará natural e justamente Melhor Jovem, mas Sturridge é a revelação do ano, seguido de Welbeck e do miúdo Oxlade-Chamberlain. Grandes vibrações para o futuro próximo dos ingleses, mesmo que o Europeu já pareça razoavelmente comprometido.

Rooney é a cara do provável campeão, é um gigante, mas, desta vez, não estaria no meu pódio de jogadores do ano. Agüero e Silva sim. Independentemente do que o City de Mancini venha a conseguir depois de ter tido tudo nas mãos, o futebol da época foi azul-celeste. Silva primeiro, qual filósofo em campo, El Kun na ingrata ponta final, a levar quase tudo à frente. Dois talentos prodigiosos. O meu número 1 seria, no entanto, o caminhante solitário que insiste em manter vivo o outrora grandioso projecto futebolístico de Wenger. Tantas vezes a fazer da equipa melhor do que era, ninguém foi tão determinante sozinho como Van Persie. O Arsenal terá de contentar-se com o mero bronze, mas, no campo, contou com o melhor jogador da Premier League.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sporting Circo de Portugal


A notícia foi capa do DN de quarta-feira: um depósito com origem no Funchal tinha sido feito na conta de um dos árbitros do Sporting-Marítimo, dos quartos-de-final da Taça. A dedução era simples, o juízo razoável, e a insinuação rodou as televisões todas: contra um grande, e na casa desse, o Marítimo, essa força motriz da corrupção no futebol português, teria orquestrado um roubo. Curiosamente, ninguém se deu ao trabalho de querer saber o que foi esse jogo, no qual José Cardinal, o assistente em questão, nunca chegou a apitar, porque pediu dispensa. Esse jogo, qual mero pormenor, foi nada menos do que a nossa maior espoliação do ano, e, mais curioso, uma das várias, na gloriosa caminhada do Sporting na Taça deste ano.

Ao longo do dia de hoje, como num grande tratado de falta de vergonha na cara, veio à tona uma nova versão. Pelos vistos, a PJ fez buscas na SAD do Sporting, e acabou este inebriante policial a constituir como arguido... imagine-se!, um tal de Paulo Pereira Cristovão, o vice-presidente sportinguista. Segundo o DN, "os inspectores da PJ suspeitam que este terá concebido uma 'armadilha' ao árbitro assistente. Para isso, um pessoa com ligações profissionais à sua empresa, a Primus-Lex, terá ido à Madeira e efectuado um depósito na conta de José Cardinal."

Ou seja, o vice-presidente de um clube que se intitula grande, antes de receber o Marítimo, terá enviado um capacho seu ao Funchal, de propósito, para, numa ode de chico-espertismo, cometer um crime e associá-lo ao Marítimo. Porque se o Marítimo quisesse comprar um árbitro, faria um depósito, com os registos todos, e no banco mais central do Funchal, e com um senhor de cachecol e camisola, a comer bolo do caco e a beber Coral.

Não sei se a ordem veio de cima, ou se foi fruto do génio de um grunho como Pereira Cristovão. Sei que foi um acto inacreditável, abominável e criminoso, numa época em que ambas as equipas lutam pelo mesmo lugar na tabela, e sei, sobretudo, a forma nojenta como o Marítimo perdeu esses quartos-de-final da Taça. Isso, pelo menos, não foi nenhuma conspiração, aconteceu mesmo no campo, à vista de todos. Num futebol português que se desse ao respeito, haveria consequências. No que temos, o episódio passará simplesmente à História como mais um dia em que o Sporting fez palhaço de si próprio, e foi apanhado com as calças na mão, tal como a anedota que é.

Se ainda tivesse uma réstia de vergonha na cara, o clube já não teria, pelo menos, vice-presidente. Acontece que, por estes dias, o Sporting não é mais do que isto.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

The West Wing (1999-2006), season 1


É política em estado puro. The West Wing tem a grandiosidade das coisas simples, ao falar do que é complexo com o dom de torná-lo acessível, e isso consuma a sua maior virtude: é real. Não me admirava se hoje entrasse na Casa Branca e visse as coisas a funcionarem exactamente assim. É uma série de subtilezas, entrelinhas e cumplicidades, uma obra que, no requinte das suas vivências, nos faz crer que quem a criou - o entretanto oscarizado Aaron Sorkin - só pode já ter vivido aquilo.

A história é a do dia-a-dia do Presidente dos Estados Unidos e do seu staff-chave. Conta os salões e as reuniões onde se faz realmente a política, com os que lá estão mas não são história, e fala do que se faz por convicção e por carreira, por lealdade e por jogos sujos, e do muito que é preciso sacrificar para conseguir alguma coisa.

Na cadência e nos diálogos nota-se a excelência da realização e do argumento. É uma série sempre ligada à corrente, de movimento e de stress, e esse fôlego é retratado de forma superior. Outro dos trunfos é a química brutal entre o cast, ao que não será alheia a tremenda riqueza das personagens, capaz de gerar a tal cumplicidade que só se constrói ao longo dos anos, e fazer de tudo aquilo fidedigno.

Jed Bartlet (Martin Sheen) é um grande presidente. Fresco, cativante, ágil, incorrecto, genuíno. Não é lírico, mas conquista-nos com o seu jeito desbocado e honesto, sempre comprometido em fazer do país melhor. É impulsivo e nem sempre está certo, mas dele nunca pode dizer-se que não acredita no que faz.

Leo McGarry (John Spencer) é um ícone, como chief of staff. Exala experiência, e é ele quem lê o jogo, define estratégias e congrega vontades. É o político por excelência, o cérebro de toda a máquina que ele próprio concebeu, amigo de sempre do presidente e venerado pelo resto da equipa.

Josh Lyman (Bradley Whitford) é o romântico, um dos que tem de acreditar no que faz para seguir em frente. É um estratega e um criativo, alguém que se mexe no meio com uma facilidade profundamente natural.

Toby Ziegler (Richard Schiff) é o chefe da comunicação, uma figura pouco diplomática e de trato difícil, mas um humanista, e um conselheiro sempre omnipresente, e nunca desprevenido.

Sam Seaborn, um juvenil mas genial escritor de discursos, e CJ Cregg, a talentosa mas insegura Secretária de Imprensa, completam o leque.

Até ao início da segunda temporada, o principal defeito da série tem sido a incapacidade para concretizar maus cenários. Já teve momentos de dar nós na garganta (onde não se inclui o espalhafatoso fim da primeira temporada), mas resiste a dar passos agudos, sempre que chega ao limite. Até agora tem-lhe faltado nervo.

The West Wing esteve 8 anos no ar, entre 1999 e 2006, ao longo de 7 temporadas, e ganhou uns incríveis 26 emmys (entre 2000 e 2003, de Melhor Série Dramática), e 3 globos de ouro. É difícil não tropeçar nela em qualquer lista das melhores séries de sempre.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O futebol são 11 contra 11 e, no fim, ganha o Porto


Mário Wilson disse um dia que, no Benfica, qualquer um se arriscava a ser campeão. No pós-Pinto da Costa, é só mudar o protagonista. Para serem campeões, não basta aos adversários serem melhores, têm de ser muito mais do que isso. Este ano, tanto o Benfica como o Braga foram, de facto, melhores. No fim, acabarão atrás, porque a estrutura do Porto é coisa de outro campeonato, é um piloto automático de vitórias e de títulos, que, como se provou este ano, não precisa de um treinador para continuar a ganhar.

Por sua vez, Jesus é o melhor treinador que vi no Benfica. 1 campeonato, 2 taças da liga, 1 meia-final da Liga Europa e uns quartos da Champions. 2 jogadores no Chelsea, mais 2 no Real. Melhor, de longe, do que qualquer outro, nos últimos 20 anos. No fim da época passada, escrevi que era um erro abissal o Benfica livrar-se dele, quando o adversário era o 2º melhor Porto do último quarto de século. Jesus ficou, e voltou a construir a sua fortaleza e voltou a entusiasmar... mas, no momento do tudo ou nada, o seu castelo voltou a ser de cartas. Jesus é magnífico em muitos aspectos do jogo, mas é muito pobre a nível psicológico. Perder tudo com estrondo acontece uma vez. Se acontecer segunda, então nem há Mourinho que resista. Em 2012/13, não tem condições para ser treinador do Benfica.

O Braga foi uma desilusão. Quem ganha 13 jogos seguidos, e chega à fase crucial na liderança isolada, perde o direito de conformar-se. A equipa não merecia ter perdido os dois jogos, mas isso é o que distingue os campeões dos outros. O Braga foi candidato, mesmo a negá-lo tantas vezes, porque foi, provavelmente, a melhor equipa do campeonato. Deixou de o ser, porque quem não se transcende nos jogos grandes, não é bom o suficiente. Seja como for, e mesmo que fique em 3º, Leonardo Jardim é o treinador do ano.

domingo, 8 de abril de 2012

Ser do Marítimo


Nunca saí dos Barreiros antes do apito final, fosse qual fosse o jogo. Hoje foi dos que mais custou, nestes anos todos, mas nunca cheguei a hesitar, porque hoje era justamente um dos dias em que fazia mais sentido ficar. E fiquei, e aplaudi-os de pé, e gritei Marítimo do fundo da alma. E, mesmo nos cacos de uma das derrotas mais feias desde que me lembro, senti um orgulho do tamanho do mundo neste grupo extraordinário que, sem a fé de ninguém quando isto começou, mantém completamente em aberto a melhor época da nossa História. Hoje fui goleado, mas saí de cabeça levantada, porque nunca haverá outra forma de estar de verde e vermelho.

No Marítimo sentimo-nos grandes em qualquer derrota, porque só os maiores se podem dar ao luxo de ter tanta gente a penar com uma. Não somos meia dúzia nem aparecemos ontem, há 35 anos que andamos na primeira divisão a ser a Madeira, desde o tempo em que não chovia dinheiro, e em que outros tinham vergonha de dizer de que clube é que eram. Ser do Marítimo é ser madeirense duas vezes, como diz a música. Ser do Marítimo é o maior orgulho que se pode ter nesta terra.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Os grandes professores são subtis

O melhor professor que tive na Faculdade adormecia nas aulas. Não me parece propriamente pedagógico, nem me lembro de mais nenhum fazer isso. Também não era técnico, usava poucos power-points, e ainda menos plataformas digitais. Parece extraordinário que, mesmo assim, tenha sido o melhor. Mas foi, porque bastava-lhe falar. Nunca precisou de malabarismos, tecnologias, doses cavalares de trabalho, e não me lembro de alguma vez chamar alguém à atenção. Mas tinha sempre toda a gente ligada, bastava-lhe estar. Era um natural.

Claro que não podem ser todos assim, mas lembro-me sempre dele quando apanho, pelo contrário, um professor, digamos, muito dedicado. Fazem-me muita confusão. Na Faculdade, como em quase tudo, simples é melhor, e o trabalho de um professor é tão simplesmente cativar. Os melhores professores que tive eram todos professores "de aula", que as faziam valer, e que eram conscienciosos, ou, pelo menos, normais, no que nos pediam fora delas. Excesso de trabalho é uma cortina de fumo para maus professores: tentam lá ir pelo KO, para ficarmos dormentes, numa confusão pouco sadia entre quantidade e qualidade. O importante é fazer muito, e, de preferência, que doa muito. Que nos fique alguma coisa é pormenor.

Não é por estar de mau humor, com um desses casos no colo, que deixa de ser verdade: os grandes professores são subtis. Parecem desligados, na exacta medida em que têm uma confiança extrema na sua capacidade para passar a mensagem. Não precisam de injecções psicóticas de trabalho porque valorizam que tiremos algum gosto dele, e porque sabem ao que vão, e sabem que, no fim do dia, os ouvimos. É essa a superioridade moral, a pequena vitória, nossa e deles. Qualquer um pode ser professor; mas só alguns "existirão" daqui a muito tempo, quando nos lembrarmos do porquê destes anos terem valido a pena.

Californication


"You're not in love with me. You're in love with the idea of love"

Ao contrário do que poderia ser suposto, vou começar por dizer que é a série mais romântica que já vi. É isso o impagável de Californication: a sedução, o romance, a profunda devoção por uma mulher, que racha com quase toda a lógica luxuriosa e sexual do resto, mas que, justamente por isso, dá à série uma aura apaixonante.

Para quem nunca viu, o homem de quem se fala é Hank Moody (David Duchovny). Um galã, bon vivant, escritor genial, ácido e despudorado, que vive, no ambiente da primeira temporada, numa prolongada crise criativa, às expensas da obra-prima que escreveu. É divorciado, vive envolto numa nuvem de cigarros e álcool, é tão brilhante como auto-destrutivo, e é, sobretudo, um deus para o sexo oposto, do qual põe e dispõe com a omnipotência própria de um. Hank podia ter (e tem, valha a verdade), todas as mulheres que quisesse. O carácter sexual, declarado e permanente, é, aliás, uma das caras mais reconhecíveis da série. A classe do texto reside, contudo, na forma peculiar como um personagem tão burlesco fica absolutamente rendido perante a mulher da sua vida, com quem as coisas um dia não resultaram. O inatingível está sempre lá, a celebrar a poesia do romance, daí que, para mim, Californication seja magistralmente isso. Duchovny é perfeitamente icónico, não lhe falta uma unha para materializar Hank Moody, mas Natascha McElhone (a ex-mulher) exala exactamente todo o charme necessário para fazer viver o papel, o que é de altíssimo nível.

Depois há a relação com a filha comum, típica mas bem sacada, e, claro, a cadência de loucos da vida que Hank leva. Um mundo sem limites para um filósofo contemporâneo, um visionário que caminha a par da sua lucidez ácida, que tem uma mulher em cada esquina, tanto quanto é assombrado pelos fantasmas pessoais, pelos erros que cometeu, e pela inevitável falibilidade que o persegue.

A primeira temporada (2007, 12 episódios) não escapa a um tom novelesco que era dispensável, na ponta final, mas ganha-nos, sem sombra de dúvida.

Ghost Protocol


Até tinha lido umas coisas simpáticas, mas não há que enganar: o novo Missão Impossível é o filmezinho-chavão de sempre. Realização competente, boa acção, bom entretenimento, no festival de piruetas e tecnologia tão caro à saga, mas um penoso deserto criativo. O drama de fundo que enquadra Ethan Hunt até chega a enganar, mas o filme faz questão de desembrulhar tudo numa meticulosa bagagem de clichés balofos, e a linha da acção em si (guerra nuclear Estados Unidos-Rússia, hummm!), diz quase tudo. Cruise não está mal de todo, mas o cast não faz a diferença (Jeremy Renner a menos, Simon Pegg desenquadrado). Certo é que Ghost Protocol rendeu e, como se sanciona logo no fim, o 5º filme vem a caminho...

6/10

domingo, 1 de abril de 2012

Jogos do título, round 1


Jogo electrizante, que o Benfica assumiu, de facto, mas que não mereceu ganhar. 

O resultado é avassalador para um Braga que foi superior tacticamente, muito mais inteligente na abordagem, e que só sai derrotado da Luz por culpa própria. A equipa cozinhou o Benfica na primeira-parte, e pôs o jogo em pedaços na segunda, ao cavalgar autenticamente o despovoado meio-campo do Benfica, até ao penalty de Witsel. Jesus viu e não quis saber, arriscou jogar no limite, e o Braga só se pode queixar de si mesmo, tantos foram os espaços e os contra-ataques desperdiçados de uma forma juvenil.

O Benfica teve coração, confiou no seu engenho ofensivo e foi feliz, mas Jesus jogou aos dados, pura e simplesmente. Leonardo Jardim deu-lhe um banho táctico pela barba e, em vez de reagir, o treinador do Benfica fiou-se na sorte e no talento dos jogadores que dirige. Para a história ficará uma vitória de arrojo e vertigem atacante, mas serão muito poucos os jogos decisivos que Jesus voltará a ganhar assim. 

Para o Benfica, não interessa como, é uma vitória absolutamente chave, daquelas que pode mesmo valer um campeonato. Para o Braga, não conta o grande mérito que voltou a mostrar hoje: já não depender de si próprio é uma ceifada crua no sonho .

Na melhor Liga desde que me lembro, venha a super-jornada da Páscoa.