"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
domingo, 22 de abril de 2012
A História fechou um capítulo
O Real foi ao Camp Nou ganhar a Liga. Foi, de facto, mesmo que quase 24 horas depois continue a ser difícil de acreditar. Que o Real era a única equipa do mundo capaz de lá ir buscar uma vitória destas, todos sabíamos. Que se havia alguém capaz, Mourinho e Ronaldo eram esse alguém. Mas quantos poriam as mãos no fogo? Mourinho sentou-se no Camp Nou, pela primeira vez como treinador do Real, há um ano e meio. Era um Mourinho campeão europeu, um Real entusiasmante, e o mundo esperava boquiaberto para ver o fim do projecto futebolístico de Guardiola, derrotado na Europa no ano anterior. Toda a gente sabe como é que isso acabou. O ano foi mortificante, e nem a Taça do Rei serviu de lembrança. Pela primeira vez, Mourinho não foi campeão no ano de estreia.
Este era o ano. Mas o Barça veio da praia e levou a Supertaça e, no Natal, foi ao Bernabéu deixar a prenda de sempre. Como é que se salva uma época assim? Não se salvava, para mim. Mas, dois meses, e havia 10 pontos de vantagem. Meu deus, era este mundo e o outro, Mourinho tocava o céu, Mourinho tinha feito o milagre, mais um. Mas não poderia ser assim tão fácil. E o Real, de imenso e senhorial, a bater todos os recordes da História do futebol espanhol, chegou ontem a uma unha negra de perder tudo. A semana começou com um jogo pavoroso em Munique; ontem era o golpe de misericórdia.
Só daqui a muitos anos compreenderemos o verdadeiro alcance desta época do Real. Mais do que isso, como é que se a fez e viveu, com tantos altos e baixos, tanta pressão, tanta exigência, tanta coisa contra. Ao Real exigia-se tudo, exige-se sempre, mesmo que do outro lado esteja a melhor equipa da História. Digo-o sem as condescendências tão caras a Guardiola, porque acho que o Barça é exactamente isso. Não acredito que, em qualquer outra época, alguma equipa alguma vez tenha sido capaz de jogar tanto, durante tanto tempo. E com tanta coisa fora do guião, tanta imperfeição, tanta falibilidade, ontem, com tão poucos a acreditar, o Real entrou no Camp Nou e foi fazer História. Do vazio, quando estava tudo em causa, no momento em que estava com um pé no abismo, com rigorosamente tudo a perder, Mourinho tombou a melhor equipa de sempre.
Para mim, é aqui que isto deixa de ser futebol e passa a ser outra coisa qualquer, metafísica. Era normal que Mourinho perdesse. O universo empurrou-o para ali, estava escrito. Mas ontem, 10 Real-Barça depois do 5-0, depois de tê-los perdido quase todos, Mourinho foi ao Camp Nou ganhar pela primeira vez na carreira, e ser campeão espanhol. É qualquer coisa de assombroso. Por muitos anos que viva, nunca duvidarei que só um homem teria sido capaz de ganhar aquele jogo ontem, o jogo onde tudo se jogava, o jogo que poderia fechar um capítulo da História.
Mourinho será o primeiro homem a ganhar as três grandes Ligas em toda a História do futebol. Se ganhar a Champions, será também o primeiro a ganhar a maior competição de clubes do mundo por três equipas diferentes. Um dos maiores legados dos nossos dias será ter visto treinar o melhor de todos os tempos.
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