quinta-feira, 12 de abril de 2012

The West Wing (1999-2006), season 1


É política em estado puro. The West Wing tem a grandiosidade das coisas simples, ao falar do que é complexo com o dom de torná-lo acessível, e isso consuma a sua maior virtude: é real. Não me admirava se hoje entrasse na Casa Branca e visse as coisas a funcionarem exactamente assim. É uma série de subtilezas, entrelinhas e cumplicidades, uma obra que, no requinte das suas vivências, nos faz crer que quem a criou - o entretanto oscarizado Aaron Sorkin - só pode já ter vivido aquilo.

A história é a do dia-a-dia do Presidente dos Estados Unidos e do seu staff-chave. Conta os salões e as reuniões onde se faz realmente a política, com os que lá estão mas não são história, e fala do que se faz por convicção e por carreira, por lealdade e por jogos sujos, e do muito que é preciso sacrificar para conseguir alguma coisa.

Na cadência e nos diálogos nota-se a excelência da realização e do argumento. É uma série sempre ligada à corrente, de movimento e de stress, e esse fôlego é retratado de forma superior. Outro dos trunfos é a química brutal entre o cast, ao que não será alheia a tremenda riqueza das personagens, capaz de gerar a tal cumplicidade que só se constrói ao longo dos anos, e fazer de tudo aquilo fidedigno.

Jed Bartlet (Martin Sheen) é um grande presidente. Fresco, cativante, ágil, incorrecto, genuíno. Não é lírico, mas conquista-nos com o seu jeito desbocado e honesto, sempre comprometido em fazer do país melhor. É impulsivo e nem sempre está certo, mas dele nunca pode dizer-se que não acredita no que faz.

Leo McGarry (John Spencer) é um ícone, como chief of staff. Exala experiência, e é ele quem lê o jogo, define estratégias e congrega vontades. É o político por excelência, o cérebro de toda a máquina que ele próprio concebeu, amigo de sempre do presidente e venerado pelo resto da equipa.

Josh Lyman (Bradley Whitford) é o romântico, um dos que tem de acreditar no que faz para seguir em frente. É um estratega e um criativo, alguém que se mexe no meio com uma facilidade profundamente natural.

Toby Ziegler (Richard Schiff) é o chefe da comunicação, uma figura pouco diplomática e de trato difícil, mas um humanista, e um conselheiro sempre omnipresente, e nunca desprevenido.

Sam Seaborn, um juvenil mas genial escritor de discursos, e CJ Cregg, a talentosa mas insegura Secretária de Imprensa, completam o leque.

Até ao início da segunda temporada, o principal defeito da série tem sido a incapacidade para concretizar maus cenários. Já teve momentos de dar nós na garganta (onde não se inclui o espalhafatoso fim da primeira temporada), mas resiste a dar passos agudos, sempre que chega ao limite. Até agora tem-lhe faltado nervo.

The West Wing esteve 8 anos no ar, entre 1999 e 2006, ao longo de 7 temporadas, e ganhou uns incríveis 26 emmys (entre 2000 e 2003, de Melhor Série Dramática), e 3 globos de ouro. É difícil não tropeçar nela em qualquer lista das melhores séries de sempre.

Sem comentários: