sexta-feira, 13 de abril de 2012

Sporting Circo de Portugal


A notícia foi capa do DN de quarta-feira: um depósito com origem no Funchal tinha sido feito na conta de um dos árbitros do Sporting-Marítimo, dos quartos-de-final da Taça. A dedução era simples, o juízo razoável, e a insinuação rodou as televisões todas: contra um grande, e na casa desse, o Marítimo, essa força motriz da corrupção no futebol português, teria orquestrado um roubo. Curiosamente, ninguém se deu ao trabalho de querer saber o que foi esse jogo, no qual José Cardinal, o assistente em questão, nunca chegou a apitar, porque pediu dispensa. Esse jogo, qual mero pormenor, foi nada menos do que a nossa maior espoliação do ano, e, mais curioso, uma das várias, na gloriosa caminhada do Sporting na Taça deste ano.

Ao longo do dia de hoje, como num grande tratado de falta de vergonha na cara, veio à tona uma nova versão. Pelos vistos, a PJ fez buscas na SAD do Sporting, e acabou este inebriante policial a constituir como arguido... imagine-se!, um tal de Paulo Pereira Cristovão, o vice-presidente sportinguista. Segundo o DN, "os inspectores da PJ suspeitam que este terá concebido uma 'armadilha' ao árbitro assistente. Para isso, um pessoa com ligações profissionais à sua empresa, a Primus-Lex, terá ido à Madeira e efectuado um depósito na conta de José Cardinal."

Ou seja, o vice-presidente de um clube que se intitula grande, antes de receber o Marítimo, terá enviado um capacho seu ao Funchal, de propósito, para, numa ode de chico-espertismo, cometer um crime e associá-lo ao Marítimo. Porque se o Marítimo quisesse comprar um árbitro, faria um depósito, com os registos todos, e no banco mais central do Funchal, e com um senhor de cachecol e camisola, a comer bolo do caco e a beber Coral.

Não sei se a ordem veio de cima, ou se foi fruto do génio de um grunho como Pereira Cristovão. Sei que foi um acto inacreditável, abominável e criminoso, numa época em que ambas as equipas lutam pelo mesmo lugar na tabela, e sei, sobretudo, a forma nojenta como o Marítimo perdeu esses quartos-de-final da Taça. Isso, pelo menos, não foi nenhuma conspiração, aconteceu mesmo no campo, à vista de todos. Num futebol português que se desse ao respeito, haveria consequências. No que temos, o episódio passará simplesmente à História como mais um dia em que o Sporting fez palhaço de si próprio, e foi apanhado com as calças na mão, tal como a anedota que é.

Se ainda tivesse uma réstia de vergonha na cara, o clube já não teria, pelo menos, vice-presidente. Acontece que, por estes dias, o Sporting não é mais do que isto.

2 comentários:

CsmaritimoFans disse...

Paulo Muito parabéns pela entrevista à Marítimo TV!
Somos Enormes!!
Grande Orgulho!!
Marítimo SEMPRE!!

ornelas disse...

A final da Taça deveria ser suspensa. Até o resultado final da investigação estar concluído. Se forem confirmadas as suspeitas de envolvimento do Sporting, deveria ser punido severamente, inclusive com derrota. E o CS Marítimo deveria seguir em frente. Isto não irá acontecer pois o Sporting e um grande. Somente em Portugal e que os grandes estão impunes. E pena...