terça-feira, 5 de outubro de 2010

Foi tão grande como eles


Mesmo 48 horas depois, continua a ser assustador. Foi como ter visto Maradona a jogar, o Che a falar, ou o Bob e os Queen a tocar. Para quem cresceu a ouvi-los, é tanto mais mítico. É ver lendas à nossa frente, ver a única banda do mundo que podia esgotar, em Portugal, dois estádios de 40 mil pessoas em 10 horas, ver aquela que é a banda maior dos últimos 30 anos e, definitivamente, a mais colossal da actualidade.

E é fácil perceber porque é que eles o são. Da logística aos luxos visuais, do palco extraterrestre ao ecrã que se fragmenta em milhares de mosaicos, dos 12 operadores de câmara suspensos a dezenas de metros de altura à interacção deliciosa (sobre a Universidade de Coimbra e o que poderiam ter sido se tivessem frequentado uma, um genuíno "I am what I would have been... a travelling salesman. I sell songs with this group, my three best friends"). Depois ainda o peso das causas, só mobilizadoras para quem pode, e por fim a música, claro, numa lista quase infindável de canções de sempre, como que numa playlist da nossa vida toda.

With or without you foi belíssimo, como tinha de ser, e como o foram City of Blinding Lights, Moment of Surrender ("we surrender to Portugal!") ou a divinal Miss Sarajevo, arrancada até num italiano poderoso, quando assim teve de ser. Mas os momentos altos terão sido Sunday Bloody Sunday e, especialmente, Walk On e I Still Haven't Found What I'm Looking For, esta cantada em uníssono pela multidão, durante segundos que pareceram uma eternidade.

Não percebo de música e mal vou a concertos. Mas, mesmo com a improbabilidade de ter conseguido ir a Coimbra, sei, agora, que era obrigatório ter estado lá. Toda a gente devia poder ver U2 uma vez.

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