domingo, 10 de outubro de 2010

Quando uma comédia acerta


Get Him to the Greek é uma das melhores comédias do ano, ao que não será alheia a sua aura britânica (realizador/argumentista e protagonista). A estória mergulha no mundo do rock, nos dias imediatamente antes do possível comeback duma lenda desacreditada, e contrapõe o esforço dum novato numa produtora musical, que tem de garantir que o mito cumpre os planos e faz o concerto, com todo o universo de exagero e luxúria que esse continua a alimentar à sua volta. É um filme todo ele de abuso e de perversão, com um texto de calão agressivo mas sempre divertido (nunca ofensivo), que recria superiormente a transição do tipo normal, para o mundo do sexo, do álcool, das drogas e da ausência de quaisquer limites. Mais do que ter piada, é um filme que, por toda a sua provocação e despudor, faz-nos rir sinceramente, e não estamos a falar só de piadas circunstanciais, mas da base das próprias cenas, ou seja, das pequenas estórias que constroem e fazem avançar o filme.

Os ambientes são muito bons, e a realização de Nicholas Stoller (Forgetting Sarah Marshall) é excelente (músicas, slow-motions, cortes rápidos de cenas), pois, além de "pintar" o filme muito bem, dá dinâmica, o que é sempre determinante, ainda mais numa comédia um pouco maior do que o normal (1h50). Jonah Hill (Superbad) sai-se muito melhor num papel mais de constrangido do que de funny man, como é costume fazer, mas a estrela é o imparável Aldous Snow, interpretado por um Russel Brand que transborda realmente toda a essência duma lenda de rock, dos fantasmas à redenção, e do sucesso à vida "total", à queda e ao regresso.

Get Him to the Greek acaba por ter romance sem ser romance, por ter drama sem ser drama e, muito especialmente, por ter comédia sem termos a sensação de que já vimos aquilo tudo em qualquer lado.

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