Luís Filipe Vieira voltou a vir a público esta semana desencorajar a ida de adeptos do Benfica aos jogos fora de casa. Na semana passada, teve a honra de ser recebido por um ministro, para exigir que o autocarro do Benfica não seja apedrejado quando for ao Porto. E garantiu que o Benfica não joga no Dragão, se tal acontecer. Antes disso, já tinha vindo dizer que, em virtude da perseguição que está a ser movida ao Benfica pela Arbitragem, o clube estava a ponderar o boicote à Taça da Liga, para passar uma mensagem de força à organização que gere o futebol profissional em Portugal.
Ou seja, depois de perder a Supertaça, de perder 3 das 4 primeiras jornadas, e de perder em Gelsenkirchen para a Liga dos Campeões, o presidente do maior clube português acha que a melhor forma de se justificar perante os seus adeptos, é fazer a promessa absurda de desistir duma competição oficial. Ao mesmo tempo, Vieira bate-se para que a equipa não tenha apoio fora da Luz, numa tentativa orgulhosa de atacar as já mais do que depauperadas receitas do clube-médio da 1ª Divisão, porque isso era ser justiceiro e estar à altura da sua dimensão.
Ainda houve tempo para consumar mais um épico choro público, graças à conivência dum ministro que, aparentemente, não terá grande coisa para fazer, nos dias calmos que o país atravessa. E claro, a cereja no topo do bolo foi ameaçar o boicote ao próprio campeonato, porque a Liga precisa do Benfica, mas o Benfica não precisa da Liga.
Toda esta odisseia de Filipe Vieira para branquear o falhanço que foi o início de época do clube a que preside, e a sua tentativa desesperada para condicionar as arbitragens e inculcar a opinião pública, já passaram do absurdo. Além de associar o maior clube português a este manual de dirigismo terceiro-mundista, Vieira passa, na verdade, noções bastante evidentes: o Benfica actual sente que é inferior ao Porto, sente que não vai ser Campeão, e, no futuro imediato, está aterrorizado por ter de ir ao Dragão daqui a menos de um mês.
Em vez de defender os meios e a força do seu clube, Vieira escolheu o caminho mais fácil, e tentou estupidificar a opinião pública e os seus próprios adeptos. Como há de perceber mais cedo ou mais tarde, raramente o caminho mais fácil dá bom resultado.
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