sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O dia 1


No Marítimo, vale sempre a pena acreditar, dizem as nossas velhas lendas no rádio do carro. A Antena 1 abriu com um especial, e, entre mim e o meu pai, 30 anos de diferença, não se evita um orgulho ligeiramente comovido. Ouvir os heróis de outras noites dá-nos sentido, mexe connosco. Íamos a jogo, e eles apareceram só para dizer que o Marítimo vai ser sempre maior do que eles. Que quando joga o Marítimo, joga esta terra, jogamos todos, mais vale acreditar.
 
Chegar e ver os Barreiros abraçados pela Premier League, espírito grande, para meter respeito. Estar a entrar e vir-nos dizer o Ângelo, eterno capitão, que "essa camisola miúdo... até a polícia tinha medo dessa camisola". Agora há um continente para a conhecer. Ter o pano dourado e grená da prova a encher-nos um estádio que reflecte as nossas dificuldades, mas que, mesmo se não tivesse bancadas, seria o Caldeirão até ao fim dos tempos, pelas enormidades sagradas do que ali já se viveu. Ouvir o hino da Liga à entrada das equipas e ter a certeza absoluta da grandeza para estar ali, mesmo que a Europa ainda não faça ideia disso.

A sensação de estar à altura, essa, não se descreve. Não foi só a raça, o sacrifício, a vontade. Foi a qualidade, a autoridade, a cultura de vitória. Foi não sermos coitadinhos, nem perdermos por azar. Foi pormos um grande em cheque, fazê-los ter a certeza de que podiam mesmo perder. Foi a honra de termos no banco alguém com o coração e a altitude do Pedro Martins, que disse antes, no campo e depois, que o Marítimo só joga para ganhar, mesmo que o adversário seja a 5ª equipa do melhor campeonato do mundo, 5 ou 6 vezes o nosso orçamento.

Europa, prepara-te. O Campeão das Ilhas está só a começar.

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