sábado, 8 de setembro de 2012

The Avengers


Joss Whedon fez omoletes sem ovos.

Se num filme de super-heróis já é uma proeza contornar a vulgaridade, o que esperar de um filme que era uma reunião de super-heróis? The Avengers só tinha de existir para vender. Não tinha de ser bom nem mau, era um no-brainer: o planeta estaria em perigo, com um ataque extraterrestre a ser a opção mais provável, haveria injecções cavalares de efeitos especiais, os heróis seriam heróis, cada um com a sua quota-parte de tempo de antena, e o final seria feliz, a pedir uma sequela de forma mais ou menos denunciada.

O trunfo de Whedon, que realizou e escreveu o filme, foi ter sabido viver com essa sua condição. Toda a gente sabia o que eram os Avengers, toda a gente sabia o que esperar, a margem de manobra era possivelmente nula para inventar alguma coisa. E os clichés, a linearidade na acção, a superficialidade do argumento estão todos lá, de facto. A diferença é que Whedon quis apostar nalguma coisa, e apostou onde valia a pena: no trato das personagens, no ambiente, nos diálogos.

The Avengers não tem grandes morais, mas tem o mérito tremendo de não ser um filme plástico, falso moralista. Não quer ser nenhuma aula barata de filosofia. É como tem de ser, mas consegue ter chama no seu próprio estilo. Tem super-heróis que vão salvar o mundo, mas que até são rivais, que até se hostilizam. É ligeiro, tem piada, é bom entretenimento. E ainda é acabado com uma classe de fazer inveja a filmes muito melhores. Joss Whedon leu-o com mestria, e cometeu a proeza de dar-lhe personalidade.

Individualmente, The Avengers não é o tipo de filme onde o cast seja marcante. O facto de 2/3 dos papéis principais serem grosseiramente mal escolhidos também não ajuda: Chris Evans, o Capitão América, e Chris Hemsworth, Thor, são maus demais; L. Jackson, Ruffalo, Scarlett são tarefeiros, que não acrescentam nada. Vai daí, há um abismo a separar Downey Jr. do resto dos colegas heróis, e é ele quem sobressai naturalmente, sempre que está em cena. Tom Hiddleston, o mau da fita, também é uma mais-valia. Jeremy Renner foi mal aproveitado.

O filme não é brilhante, não está entre os maiores do género, mas poderia ser infinitamente pior. Mais do que isso, consegue ter carisma. Merece crédito.

7/10

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