segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Crónica de um fim anunciado


O fim choca em si, mas não se pode dizer que seja inesperado. Depois da catástrofe de início de época, o ano do Real resumia-se a um estranho jogo de equilibrismo numa linha fina e sem rede. Era preciso ganhar sempre, jamais voltar a falhar, e ficar a contar com que, algures num par de vielas dos próximos longuíssimos meses, o Barça pudesse sangrar.

A realidade foi ainda mais madrasta do que o cenário. O Barça de Tito, quando era legítimo especular com dores de mudança, tornou-se numa máquina ainda mais alucinante do que já era costume, num quase totalista de pontos sem dias maus. O Real, por seu lado, foi-se aguentando como pôde, esteve à altura no Camp Nou, salvou a Champions, sobreviveu uma e outra vez a analgésicos, mas nunca escondeu uma verdade hostil: a de que o falhanço lhe espreitava a cada esquina. Não mudou nada de verdadeiramente substancial em relação ao ano passado, e, no entanto, não houve forma do Madrid encontrar-se. Uns quantos golos fora de horas andavam a adiar o inevitável, mas a segunda visita a Sevilha finalizou o que a primeira tinha começado. Já nem um milagre dará esta Liga a Mourinho.

O problema não é não ter acompanhado este Barça, é não ter estado à altura do que era legítimo exigir a um campeão. 4 empates e 4 derrotas no fim de Novembro podiam arruinar qualquer época. Se o adversário é o Barça, põem-lhe mesmo um ponto final. A esta distância, os 6 meses que se seguem são, no mínimo, assustadores. A Champions, ainda por cima, só volta em Fevereiro, e ver o Real a bater-se por um segundo lugar, durante meses a fio, é um cenário que roça o insuportável.

Mourinho fica numa situação sinceramente fragilizada, que não imagino como poderá gerir no futuro próximo. Ter 25 jornadas à deriva pela frente, a viver para a miragem da Liga dos Campeões, parece demais, até para ele.

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