terça-feira, 27 de novembro de 2012

Prometheus


Ridley Scott voltou aos primórdios e, mais de 30 anos depois, reentrou no universo do seu velho Alien (1979). Prometheus foi idealizado, há mais de uma década, como um 5º episódio da saga, mas, pelo caminho, Scott teve outras ideias, e resolveu fazê-lo uma prequela. Não uma prequela exactamente engajada na história, mas apenas prévia temporalmente, compartilhando o universo e elementos comuns, mas independente na história.

Prometheus é, sem dúvida, ficção científica de bom nível. Visualmente chega a ser extraordinário, capitalizando, em melhor, tudo o que é legítimo esperar do orçamento de um blockbuster sci-fi. O trabalho de Ridley Scott é excelente. A realização é sempre sóbria, inteligente, até elegante. Ao contrário do que poderia ser expectável, resiste à tentação de fazer um filme de excessos, pesando muito bem o espectáculo da acção, e sendo relativamente cirúrgica no horror, o que a valoriza bastante.

Já o argumento de Damon Lindelof (Lost), tendo qualidade, perde-se num certo labirinto. Tem muitas ideias, muitas pistas, mas uma imensa dificuldade em concretizá-las, deixando demasiadas pontas soltas sem nexo e sem resposta, e desaproveitando algumas ideias muito boas (a dimensão mitológica criatura-criador, a questão de fé, etc). O filme seduz, com uma sugestão de grandiosidade, de mistérios a revelar, mas acaba por não estar à altura no desfecho. De qualquer forma, não está em causa que o thrill é interessante e bem escrito, e que não abusa de grandes clichés.

Sem grandes prestações individuais, Noomi Rapace foi uma boa lead, tensa, reactiva e sempre genuína, acabando por assinar uma das cenas de horror do ano. Fassbender também passou bem, no registo mecânico, entre o levemente diabólico e o indecifrável.

No global, é justo reconhecer que, sem ser o filme genial que insinua várias vezes, Prometheus está longe de ser um blockbuster qualquer.

7/10

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