sábado, 21 de junho de 2014

Copa, dia 9: viver e morrer no Pacífico


Honduras 1-2 Equador

Foi um dos jogos mais primários e, quiçá, mais puros do Campeonato do Mundo. Frente a frente duas das equipas mais duras das Américas, ambas tão honestas quanto os seus 4-4-2 clássicos, largos e directos como nos velhos tempos. No fim ganhou o mais forte, mas é justo que ninguém vá ainda eliminado no grupo E. Ao contrário do que seria de esperar, Equador e Honduras ofereceram um espectáculo sempre agradável e cativante, temperado pelo tropicalismo tão próprio que os une.

Antes de mais, é justo elogiar as Honduras. Depois do primeiro jogo, ficou a imagem de que os homens do colombiano Luis Suárez dificilmente podiam ou quereriam jogar futebol. Se, realmente, a respeito do talento e do potencial não fomos induzidos em erro - os catrachos são mesmo uma das duas ou três equipas a quem menos se pode pedir -, agora que o ónus duma estreia com a França já passou, é incontornável salientar a sua compostura competitiva. Com as armas que tinham (força, verticalidade, vontade), as Honduras apostaram tudo no sonho que era ganhar este jogo e fizeram-no com uma atitude sinceramente positiva quando ao futebol jogado. O golo de Carlo Costly, o terceiro da História do país em Mundiais e o primeiro desde 1982, acabou por ser um prémio curto para quem mereceu estar a ganhar ao intervalo e acabar com, pelo menos, um ponto.

O Equador cumpriu a sua obrigação com competência. Depois duma estreia de muito bom nível, este era o jogo em que a tricolor sabia ter tudo a perder e, desde o início, as Honduras explicaram que iam vender cara a derrota. Talvez por esse ascendente adversário, talvez por não saberem mesmo controlar um jogo, os equatorianos foram ainda menos regrados do que no primeiro dia e deram-se a uma partida comprida de para e resposta, assente na velocidade das alas e num futebol quase sempre directo, confiando que bateriam o adversário na sua própria estratégia. Até podia ter corrido mal, mas a verdade é que estavam certos. No fim, o talento individual foi como o azeite e veio ao de cima. O Equador precisará de um pequeno milagre no último dia, mas só depende de si e a imagem que patenteou até agora no Brasil não poderá envergonhar ninguém.

EQUADOR - Aconteça o que acontecer, este já terá sido o Mundial de Enner Valencia. O avançado do Pachuca, do México, é a antítese da equipa e, por isso, o seu trunfo: ágil, hábil e invisível, num equipa de altos, duros e velozes. Estar a assinar 100% dos golos tricolores ajuda a perceber. Dominguez, nas redes, foi a cavilha que garantiu que aquela granada em forma de plano não lhes rebentava nas mãos: irredutível e decisivo. Num jogo menos rentável dos extremos, Paredes deu nas vistas. Muita vida na lateral-direita.

HONDURAS - Uma dupla de avançados à antiga, cujo estilo se tornou propício pelo curso do jogo. Costly mais raçudo e batalhador, na génese dos 9 americanos, e a marcar um golaço simbólico; Bengtson mais simples e vertical, a acertar no poste, fora o resto. Num onze que não é propriamente técnico ou metódico, Espinoza é instrumental no meio, a agarrar a equipa. Boniek Garcia, na ala direita, mesmo sem brilhar, pareceu o jogador de maiores recursos.

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