Na sua própria lista de
50 títulos, o Metacritic considerou que 2012 apresenta o melhor catálogo de filmes em mais de uma década. Certo é que, com mais ou menos optimismo, há toda uma lista de coisas a deixar água na boca.
1.
The Hobbit: An Unexpected Journey (Dezembro), Peter Jackson
As expectativas são indescritíveis, e o trailer já escancarou o apetite. Até custa a crer que passaram 9 anos, e que o mago Peter Jackson vai mesmo materializar um filme que pareceu tantas vezes não ir existir. An Unexpected Journey é a primeira parte da adaptação de The Hobbit,
que já tive a oportunidade de ler, uma prequela a O Senhor dos Anéis. É indispensável ter consciência da dificuldade que será estar ao nível de uma obra-prima, além de que Hobbit é uma obra mais ligeira, mas estão quase todos de volta, há uns quantos novos dignos de registo, e está, sobretudo, Peter Jackson na cadeira que lhe pertence. O apelo é irreprimível.
2.
The Dark Knight Rises (Julho), Christopher Nolan
Se Peter Jackson tem legado, Chris Nolan está lá bem perto em devoção: 4 anos depois do
melhor filme de super-heróis de todos os tempos, o mais genial realizador da actualidade prepara-se para fechar a trilogia do seu Batman. Com o que está para trás, também aqui é tão difícil estar à altura como moderar as expectativas, mas se Hobbit é um "renascimento", Dark Knight Rises tem a grandiosidade de um último capítulo, e acredito piamente que Nolan não vá desiludir. A acção ocorre 8 anos depois dos eventos de Dark Knight, e a grande aquisição do elenco é o irascível Tom Hardy, na pele de Bane, que tentará destronar a performance oscarizada de Heath Ledger, como Joker.
3.
Django Unchained (Dezembro), Quentin Tarantino
Um filme de Tarantino seria sempre razão mais do que suficiente para justificar o entusiasmo, quanto mais o seu regresso ao fim de três anos, e com Di Caprio como trunfo. Django Unchained é um Western sobre um escravo liberto que se tornou no braço direito de um caçador de recompensas, e conta a sua caminhada para resgatar a mulher das garras de um brutal fazendeiro esclavagista. Haja espectáculo, num elenco onde ainda pontificam Jamie Foxx e Christopher Waltz.
4.
World War Z (Dezembro), Marc Forster
E agora algo razoavelmente surpreendente: o filme de zombies do ano será protagonizado por... Brad Pitt! Ache-se o que se quiser, mas se Pitt está no barco, o melhor é confiar. A história baseia-se num livro de Max Brooks (2006), que, em vez de uma narrativa tradicional, compôs a sua obra pós-apocalíptica como se de uma reunião de testemunhos se tratasse. É um compacto de entrevistas às mais diversas pessoas que, ao longo de uma década, teriam vivido a guerra frente aos zombies e, aquando da publicação, a crítica chegou a considerar que a obra reinventava o género. Matthew Carnahan, que fez um grande trabalho em State of Play, vai adaptar o argumento, e a excelente Mireille Enos (The Killing), será o par de Pitt. Muita curiosidade.
5.
Lincoln (Dezembro), Spielberg
A última década não tem sido meiga para Spielberg: um único grande filme - Munich -, e já lá vão 7 anos. Lincoln surge, ainda para mais, na ressaca de um ano miserável (War Horse e Tintin...), pelo que as expectativas são mais moderadas do que seria suposto. De qualquer maneira, as condições para o regresso aos grandes filmes não poderiam ser melhores: a história é a de um presidente-ícone, o argumento é de John Logan (Gladiator, The Last Samurai e, no ano passado, Hugo), e o protagonista é nada menos do que Daniel Day-Lewis (2 Óscares), que regressa após 3 anos. O filme, que se centrará nos últimos 4 meses da vida de Lincoln, conta ainda com Tommy Lee Jones e Joseph Gordon-Levitt.
6.
Brave (Junho), Mark Andrews & Brenda Chapman (Pixar)
Depois de dois anos pobres a nível de Animação, a Pixar volta finalmente aos originais, e Brave será a sua única não-sequela no espaço de 5 anos (2009-2014). A história é a de uma jovem princesa escocesa do século X, determinada a fazer o seu próprio caminho, e que, para tal, vai desafiar as tradições de todo um reino. Será a primeira vez que a Pixar tem uma protagonista feminina, e da Pixar espera-se sempre o melhor.
7.
007 Skyfall (Novembro), Sam Mendes
Há 6 anos, Casino Royale marcou uma autêntica revolução na percepção dos filmes Bond, por ter consumado a espantosa transição entre a acção-espectáculo, tão enraizada, e um verdadeiro argumento. Toda a gente passou a levar os 007 a sério e, apesar de Quantum of Solace ter desiludido, parecem reunidas as condições para a saga voltar a deslumbrar: a realização ficou a cargo de Sam Mendes (American Beauty!), e o argumento será da co-autoria do já aqui referido John Logan, que, este ano, também assina Lincoln. Javier Bardem, como vilão, é a cereja no topo do bolo.
8.
Nero Fiddled (Junho), Woody Allen
Depois de um ano extraordinário, que lhe valeu o filme mais rentável da carreira e o seu 4º Óscar, o mestre Woody Allen continua o seu périplo pela Europa e, desta vez, assenta malas e bagagens em Roma. Nero Fiddled é mais uma comédia romântica, com o destaque de marcar o seu regresso à interpretação, ao fim de 6 anos. A acompanhá-lo, estão as magníficas Penélope Cruz e Ellen Page, e ainda Jesse Eisenberg e Alec Baldwin. O filme sai a abrir o Verão, como no ano passado, e é imperdível, como sempre.
9.
Argo (Setembro), Ben Affleck
No ano em que chega aos 40, o antigo menino bonito de Hollywood apresenta a sua terceira realização, depois dos bem sucedidos Gone Baby Gone e The Town. Desta vez não assina o argumento (lembre-se o magnífico Good Will Hunting, que lhe valeu o Óscar), mas o trabalho de Affleck merece ser olhado cada vez mais com olhos de ver, e Argo é promissor. O filme baseia-se no resgate verídico de 6 diplomatas americanos de Teerão, na sequência da Revolução Islâmica de 1979 e, ao lado de Affleck no grande ecrã, estarão nomes notáveis como Bryan Cranston e Alan Arkin.
10.
The Great Gatsby (Dezembro), Baz Luhrmann
É a adaptação do histórico livro homónimo de Scott Fitzgerald (1925), considerado uma das obras literárias de referência do século XX, que retrata, com um olhar trágico, o sonho americano dos Loucos Anos 20. O australiano Baz Luhrmann (criador de Moulin Rouge) realiza e adapta o argumento, mas é no cast que está o deslumbre: Di Caprio protagoniza, naquela que parece ser, claramente, a sua grande aposta para os Óscares, e é acompanhado pela brilhante Carey Mulligan. Como secundários, os nomes consistentes de Tobey Maguire e Joel Edgerton.
Merecem referência:
The Master, Paul Thomas Anderson. O realizador-argumentista californiano foi 5 vezes nomeado para os Óscares, e é notícia de cada vez que volta ao trabalho. Depois de 5 anos parado, regressa com a história de um veterano da 2ª Guerra Mundial que, na ressaca do conflito, cria uma Religião. O filme, protagonizado pelo fantástico Philip Seymour Hoffman, promete polémica, por estar a ser associado às origens da Cientologia.
Untitled Malick Project, Terrence Malick. Sabe-se muito pouco a respeito do filme, nem sequer se vai mesmo existir em 2012, dado o facto de Malick nunca realizar em dois anos seguidos. De qualquer maneira, depois de Tree of Life, vale a pena esperar por este romance dramático, encabeçado pelos excelentes Javier Bardem e Jessica Chastain.
Untitled Osama bin Laden Film (Dezembro), Kathryn Bigelow.
4 anos e 1 Óscar depois, Bigelow regressa no mesmo tom, para filmar o clima de guerra como já provou ser capaz. O que é verdadeiramente curioso a respeito deste filme sobre a captura e morte de Bin Laden é que estava previsto e escrito... ainda antes destas terem acontecido. Os episódios do ano passado obrigaram a uma revisão total do guião, para colá-lo, então, à realidade. No elenco, Jessica Chastain, Joel Edgerton e Mark Strong.
Les Misérables (Dezembro), Tom Hooper. De caras para os Óscares, e realizado por Tom Hooper, que venceu no ano passado, pelo trabalho brilhante em The King's Speech. A base é, obviamente, a histórica obra de Victor Hugo sobre um ex-condenado que chega a mayor, em França, que é considerada uma das mais importantes do século XIX. Hugh Jackman e Russel Crowe são as estrelas, num filme que, pessoalmente, só tem um grande senão: é um musical.
The Gangster Squad (Outubro), Ruben Fleischer. É uma crónica da luta da LAPD para manter a Máfia fora da Los Angeles, na década de 40. Será o filme mais "normal" da lista, mas o destaque está todo no elenco: é o único filme de Sean Penn previsto para 2012, e conta ainda com Ryan Gosling, Nick Nolte e Emma Stone, todos a virem de um ano magnífico.
A ver se em 2013 as expectativas se confirmaram.