"I have no choice but to direct my energies toward the acquisiton of fame and fortune. Frankly, I have no taste for either poverty or honest labor, so writing is the only recourse left for me." Hunter S. Thompson
quarta-feira, 30 de junho de 2010
Trova do vento que passa
terça-feira, 29 de junho de 2010
Então adeus
Nunca pareceu que a selecção desejasse mais do que sair de cabeça erguida, na expressão, também ela pequena, do seleccionador. Passámos muito tempo atrás, na esperança que Ronaldo surgisse lá na frente, por entre o nevoeiro, e resolvesse. Aparentemente, foi para isso que nos preparámos durante semanas.
Não queríamos uma coisa diferente e, sejamos honestos, não merecíamos mais. Lamentavelmente, voltamos para casa mais pequenos do que partimos. Era o pior desfecho."
Miúdo, acreditamos todos. Mostra que tínhamos todos razão
"Ronaldo e todos os outros atrás", Del Bosque
"A melhor maneira de parar Ronaldo é com entreajuda", Capdevilla
Foi Assim Que Aconteceu #18
Jogadores:
Holanda - Robben (MVP) e Sneijder foram os dois melhores da Champions deste ano, e mostraram hoje que podem manter o nível no Campeonato do Mundo. Será da capacidade destes dois monstros criativos que dependerá até onde pode chegar a Holanda. Kuyt, o mais cerebral da equipa, o mais polivalente e o mais sacrificado, também é um imprescindível.
Eslováquia - Vittek é o nome a reter desta, apesar de tudo, nobre campanha de estreia em Mundiais. A equipa jogou pouco, mas o ponta-de-lança de 28 anos, que, depois dos anos da Bundesliga e da Ligue 1, vai jogar no Ankaragucu, da Turquia, sai ao nível dos grandes nomes de concretização da prova.
Brasil - Chile, 3-0
Uma verdadeira demonstração de força brasileira. Não força como a alemã, ou como o que já se viu da Argentina, de futebol quase total, mas força indiscutível, duma equipa hiper-consistente, e que se arrisca a ser a maior candidata à vitória final. O Brasil de Dunga, desta vez não com um diplo pivot, mas com Ramires como volante, é um bloco de aço no seu meio-campo, que viu o Chile tentar de coração aberto muitas vezes, mas que nunca tremeu um nervo que fosse. Depois, seja pelo futebol das laterais, seja pelo poço de talento que é ter Kaká, Robinho e Fabiano na frente, é tudo fácil. O Chile caíu com mais estrondo do que eu esperaria, mas quem viu compreenderá. Depois das 2 vitórias nos grupos, e de ter posto a Espanha em sentido, a violência do pragmatismo e do poder brasileiro foram fortes de mais. 1-0 de bola parada, e 2-0 de génio, em 3 minutos, e não sobrou nada, senão conformar-se. Não que isso signifique que o Chile tenha desistido. Pelo contrário. Mesmo conscientes da derrota, os chilenos mostraram o carácter de sempre, e bateram-se pela dignidade do golo de honra. A frustração na cara de Bielsa, depois de Suazo falhar a última oportunidade, diz tudo sobre um estilo.
Jogadores:
Brasil - o melhor Kaká da época, provavelmente. O passe do 2-0 fala por ele. Robinho e Fabiano em grandes rotações. Juan será um dos melhores centrais do mundo, actualmente, e Ramires pareceu um senhor, na jogada fenomenal do 3-0.
Chile - num jogo complicado para a alegria atacante chilena, o melhor foi Humberto Suazo. Com menos técnica e mais força, foi sempre ele o mais perigoso. Beausejour despediu-se com mais um pedido de ida para a Europa.
domingo, 27 de junho de 2010
We were born ready motherfuckers, ou a antevisão sócio-cultural duns oitavos-de-final
A diferença entre nós e os espanhóis, não é o facto deles serem maiores, melhores, mais competentes, mais ricos, mais poderosos, mais importantes e o caralho disso tudo. A diferença é que nós não perdemos com espanhóis.
Don Quijote de la Mancha
Foi Assim Que Aconteceu #17 - OITAVOS
À partida, provavelmente ninguém acreditaria no melhor jogo da competição. Facto é que o foi, pelo futebol posto em campo por dois nomes como a Alemanha e a Inglaterra, pelos muitos golos, pelos casos, e pelo simbolismo e a historicidade que este resultado vai alcançar.
Como apostei, esperava uma vitória inglesa. Não porque não estivesse a torcer pela Alemanha, ou porque não reconhecesse a maior qualidade da equipa de Löw, mas porque, mesmo depois do exemplo da queda italiana, acreditava que, para Capello, há coisas que nunca mudam. Esperava que a Inglaterra jogasse pior, sofresse, mas controlasse, e, no fim, fosse qualificada. Não aconteceu, nem de perto. A Inglaterra nunca esteve sequer perto de ter o jogo controlado, nunca manipulou a Alemanha e, depois da banhada nos dois primeiros golos, só sobreviveu porque pôs o coração em campo. Foi o melhor período do jogo. Entre o 2-0 e o 3-1, a Inglaterra jogou o melhor futebol que lhe vimos nos 4 jogos, com problemas de construção, sim, mas sem amarras, o que a levou ao 2-1, ao virtual 2-2, e a que Lampard ainda falasse com a trave outra vez.
O golo não validado a Lampard, ao contrário do que se poderá querer fazer passar, não será a razão da eliminação inglesa. Com o 2-2 nessa altura, provavelmete a Alemanha não teria marcado dois golos em contra-ataque, depois, mas a Inglaterra perdeu, pura e simplesmente, porque foi pior, sempre pior, em quase tudo. A sua defesa foi mais fraca, o meio-campo menos inteligente e o ataque infinitamente menos criativo, e, mesmo com o 2-2, acredito que a Alemanha acabaria sempre por ganhar o jogo de hoje. A Mannschaft provou que a qualidade do seu futebol pode bater quase tudo, e que é justo olhá-la, daqui para a frente, não como uma equipa juvenil, liderada pelos miúdos Özil e Muller, mas como uma selecção que está em campo para o título. Transições violentíssimas, um super contra-ataque, e um meio-campo ofensivo genial, composto, imagine-se, por dois miúdos na fronteira do desconhecimento, e um desacreditado. É pena que o Alemanha-Argentina venha tão cedo.
Jogadores:
Alemanha - MVP Muller. O extremo-direito do Bayern é classe da cabeça aos pés. É inteligente, movimenta-se lindamente, e parece que tem sempre o toque que define a jogada. Do atómico Özil já disse quase tudo. Reforço que entre ele, Muller e Messi está o melhor jogador do torneio. Podolski continua a ser uma certeza a toda a prova, Klose ainda tem muito para dar (sanguinário no 1-0), e Neuer, o 3º guarda-redes alemão no início da qualificação, é daqueles em quem se pode confiar.
Inglaterra - No melhor período do jogo, Lampard e Gerrard. Mais ou menos conjugáveis, são dois jogadores tremendos, e a passada e o poder de construção que conseguiram imprimir ao jogo inglês, foram os únicos minutos decentes que a Inglaterra deixou na África do Sul. Rooney foi a maior desilusão individual do Mundial.
Argentina - México, 3-1
Jogo ingrato para o México. Perante uma Argentina com uma espécie de 1 médio e 5 avançados, a selecção de Aguirre entrou tranquila, com a qualidade que sempre patenteou até agora e, mesmo perante o toque argentino, apanhou o jogo, e teve 2 ocasiões soberanas para marcar primeiro. Nem sequer se sentia a Argentina até ao erro de arbitragem que originou o 1-0. Foi um erro grave, que mudou o jogo, precipitou o 2-0 e condicionou todo o plano mexicano. Depois, o México só pôde tentar sobreviver, e então, com um balão de oxigénio para jogar, foi a vez do incrível universo de individualidades da Alviceleste começar a jogar. O pisar da bola de Higuaín no 2-0, o monumento de Carlito Tévez no 3-0, o permanente enleio dançante de Messi, são trechos quase impossíveis de conter. O México ainda foi bom mentalmente, reduziu, esteve surpreendentemente perto do 3-2, mas não era dia para milagres. Ainda assim, contra a Alemanha, só o talento individual não chegará à Argentina.
Jogadores:
Argentina - Tévez é um jogador quase no plano da inspiração. O golo hoje é dum predestinado, e a corrida e o abraço a Maradona falam por si. É todo ele carisma, um ídolo na sua plenitude. Messi continua na sua perturbadora via sacra de 4 ou 5 quase golões por jogo. Não haverá, no entanto, dúvidas duma coisa: este é mesmo o Messi do Barça, não a espécie de sombra que pairava muitas vezes pela Selecção. Tal como Maradona em 86, talvez o nirvana chegue nos quartos.
México - Salcido é um jogador tremendo. Foi o melhor da defesa, e, seja perante quem for, é violência em movimento na ala esquerda. Hoje, com 3 incríveis remates de pé direito, foi o jogador mais perigoso da equipa. Guardado, que nunca foi uma aposta constante, e Juárez, são dois médios interiores duma qualidade acima da média, o primeiro mais técnico (novamente pertíssimo do golo), o segundo mais intenso. Chicharrito, no ataque, despediu-se em beleza (trabalho monumental no golo), e o miúdo Barrera, não engana: sairá do Pumas em breve.
sábado, 26 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #16 - OITAVOS
Foi a vitória do talento individual sobre a estrutura. A primeira parte foi equilibrada, mas, na 2ª, ainda que o resultado incentivasse a isso, só se viu a Coreia. O coração estava em campo, mas os coreanos produziram um futebol muito agradável, forte nas transições, sempre cuidado no passe e sem jogo directo. Empataram, tiveram tudo para marcar o 2º golo, mas, dum total apagão uruguaio, surgiu um momento genial de Suárez, e acabou. Com um pouco mais de qualidade individual, provavelmente a Coreia teria tido outra sorte. O Uruguai terá, contudo, mérito. A equipa de Tabárez potencia o talento do ataque com um meio-campo de puro trabalho e, se calha de marcar primeiro, como tem acontecido, desliga o jogo, e é um osso muito duro de roer. Hoje terá exagerado um pouco nisso, o que permitiu um ascendente enorme da Coreia, na 2ª parte, e o empate, mas, no fim, acabou por ter a estrelinha. Ainda assim, os princípios estão lá e, a saber que não vai encontrar nenhum monstro nos quartos, o cinismo do Uruguai parece marcar pontos, rumo a uma incrível chegada às meias-finais.
Jogadores:
Uruguai - Suárez sairá do Mundial com o dobro da credibilidade que os 50 golos no Ajax lhe renderam. Com qualidade para fazer mossa em toda a frente de ataque, juntou hoje, ao instinto dentro da área, criatividade para inventar golos, e decidiu a qualificação da equipa. Nota, também, para o coração da equipa, nomeadamente Diego Pérez (o trinco), Rios (o interior direito, que cai, muitas vezes, para 2º pivot), e Álvaro Pereira, que começou mal, mas que cada vez se enquadra melhor nas funções de interior esquerdo. Estará neste meio-campo de sacrifício uma das principais razões para o Uruguai ser tão forte a matar o jogo adversário.
Estados Unidos - Gana, 1-2
Os Estados Unidos terão sido a equipa com mais carácter que passou pela África do Sul. Um coração do tamanho do mundo, que valeu para quase todas as dificuldades, duma qualificação no último minuto, até 3 (!) recuperações (uma de dois golos), depois de estar a perder. Este era, contudo, como é fácil de perceber, um tipo de jogo perigoso, e hoje não foi suficiente. A defesa americana, o sector mais pobre da equipa, facilitou muito, e a qualidade do Gana a vários níveis fez o resto. Ainda assim, ficou o jogo positivo de sempre, bem trabalhado, pese todos os problemas de construção e essas fragilidades atrás. O Gana passa, e passa muito bem. Considerei-os favoritos à partida, e a selecção de Rajevac, sem ter sido declaradamente superior, mostrou sempre mais segurança, mais maturidade e mais talento. É uma selecção cativante, que mistura o perfume africano com a adultez táctica europeia, e que seria bonita de ver numa fase ainda mais adiantada da prova. Nos quartos, espera-a, no entanto, o calculismo uruguaio.
Jogadores:
Estados Unidos - Altidore voltou a cativar. Sem ser um matador, é um colosso na área, ganha muitas bolas e mexe-se com inteligência. Com 20 anos, será um jogador com potencial para aparecer nos próximos anos.
Gana - MVP o capitão Kingston. Não que os Estados Unidos tenham sufocado a área ganesa, mas o guardião foi determinante quando teve de intervir. Gyan fez mais um grande jogo, e o golo é extraordinário: no meio de dois defesas, sem se desiquilibrar, e a olhar antes de rematar. Oxalá lhe reconheçam o talento, porque, repito, é um desperdício andar no Rennes. Boateng, pela capacidade que tem a sair a jogar, para um trinco, é um jogador muito interessante.
Foi Assim Que Aconteceu #15
Com 2-0 aos 20 minutos, o milagre chegou a pontear o horizonte, mas era mesmo uma tarefa impossível. Ainda assim, fica a ideia dum trabalho muito positivo de Eriksson, que, noutro grupo, teria muito provavelmente valido a qualificação.
Jogadores:
Espanha - Villa é extraordinário, e estará, concerteza, no leque dos 2 ou 3 melhores pontas-de-lança mundiais da actualidade. Finalmente na próxima época poderá jogar num palco à sua altura. No meio, com Iniesta, é definitivamente outra coisa. Parece sempre fácil.
Chile - Na retina, o ala esquerdo, Beausejour. Bom a jogar por dentro e com muita facilidade em aparecer na área, terá sido o jogador chileno mais perigoso. Isla, o ala direito, também tem qualidade.
Suíça - Honduras, 0-0
Despedida totalmente inglória dos suíços. Não eram, de facto, 1 das 2 melhores equipas do grupo, mas, depois da vitória frente à Espanha, não se admitia o fraquejo contra as Honduras. Morreu o projecto de Hitzfeld, que chegou a ter, por mérito próprio, todas as condições para andar.
Cosa Nostra #3
Portugal fez um jogo pragmático. O Brasil estava desfalcado, não tinha especial interesse no jogo, e à Selecção bastava o empate para selar a passagem. Abandonamos, então, o futebol de picos que se viu contra a Coreia, e voltamos à abordagem do jogo com a Costa do Marfim: uma equipa fechada, muito dura nos blocos, e a privilegiar, sempre, a segurança atrás. Sem fazer uma apologia do futebol defensivo, ou do jogo mais feio, acho que, ao contrário do primeiro jogo, Queiroz abordou como tinha de abordar. Dava, talvez, para fazer um jogo nas mesmas bases, mas com muito mais perigo na transição, se, em vez de Ricardo Costa, Pepe, Duda e Danny (infelizmente, não há maneira de pegar), tivessem estado Miguel, Pedro Mendes, Simão e Hugo Almeida. Queiroz exagerou nesse aspecto (4 centrais em campo, 0 pontas-de-lança), e esse extremo poderia ter saído mais caro, quando, por exemplo, aos 20 minutos a Costa do Marfim já ganhava por 2-0, e Portugal não saía do seu meio-campo. No fim provou-se, ainda assim, que é muito complicado nos marcarem golos e, no balanço, 0 derrotas e 0 golos sofridos, no grupo da morte, é bastante bom. A partir dos oitavos pede-se, contudo, um pouco mais de tacto: mesmo que o adversário se chame Espanha, fazer uma equipa para não jogar, não nos levará a lado nenhum.
Jogadores:
MVP novamente o Coentrão. Aligeirou alguma coisa no fim do jogo, mas fica para a história mais uma grande exibição, e desta vez com um senhor chamado Maicon pela frente. Perfeito a defender, ainda foram dele as únicas boas ideias do jogo português na primeira parte.
Ronaldo, vetado a 9, fez o que pôde, e foi o melhor no período mais forte da Selecção, na 2ª parte. A nossa melhor oportunidade no jogo é com ele no meio de 3 adversários, por todo o meio-campo brasileiro. Simão entrou muito bem, e tinha justificado a titularidade. E por fim Eduardo: não foi muito posto à prova durante os 3 jogos, mas, hoje, com Nilmar isolado à sua frente, fez uma daquelas defesas que valem jogos. Bom sinal para o que falta.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
quinta-feira, 24 de junho de 2010
Slap Bet #15
Foi Assim Que Aconteceu #14
A queda italiana é uma aberração. Sobretudo, tendo em conta a pobreza dum grupo em que as estreantes Eslováquia e Nova Zelândia produzem no limite do zero, e o Paraguai surge como a mais discreta equipa sul-americana. Mesmo sem o espalhafato francês, para mim o falhanço italiano é o mais perturbador. No banco estava Lippi, não um palhaço qualquer, havia calma, método, e o talento do costume. Nada justifica que o Campeão do Mundo saia de cena sem vitórias, e em último, no grupo mais pobre da prova. Com Prandelli, a partir de Setembro, estão abertas as portas duma Revolução.
Paraguai - Nova Zelândia, 0-0
Sem nunca lhe terem exigido muito, o Paraguai ganhou o grupo tranquilamente. Mesmo assim, isso não é sinónimo de que o Japão, nos oitavos, vá ser um adversário acessível. A Nova Zelândia, incrivelmente, despede-se do seu primeiro Mundial sem uma única derrota. Belíssimo.
Camarões - Holanda, 1-2
Valendo o que vale, a Holanda teve o nervo suficiente para fazer o pleno. É disso que se fazem os campeões. Com a Itália fora do caminho, a Laranja tem tudo para estar nas meias-finais.
Dinamarca - Japão, 1-2
Admiro a competência das equipas asiáticas. Tipicamente sem o talento sul-americano, europeu ou africano, conseguem ser equipas competitivas por se trabalharem tão bem, ou seja, por cuidarem de todos os detalhes do jogo que podem estilizar. O Japão qualificou-se através de dois livres directos. Um apuramento quase à régua e ao esquadro, puro de equilíbro, ainda que ponteado, aqui e ali, por bons apontamentos de qualidade. Uma equipa que se gosta, este Japão. A Dinamarca, depois do tractor da qualificação, parece uma equipa perdida no tempo. Com um meio-campo ofensivo de veteranos, houve uma imensa falta de ideias, e a equipa pareceu sempre banal, até não resistir ao inócuo jogo directo. Mesmo que não tão prolífica em potencial quanto outras, à Dinamarca exigia-se, pelo menos, organização e intensidade. Saíu pela porta pequena.
Jogadores:
Dinamarca - mais do que pelo velho Tomasson, ou do que por Rommedahl ou Jorgensen, o futuro da Dinamarca passará por Niklas Bendtner. O 9 do Arsenal é um colosso, cheio de vida, e é ele quem deverá liderar uma Dinamarca que se quer renovada para 2012. Notas positivas também para o defesa-esquerdo Simon Poulsen, forte a sair para o ataque.
Japão - todo um parágrafo para falar de Keisuke Honda. O médio-ofensivo do CSKA é um jogador fantástico. Rápido, com um pé esquerdo iluminado, permanentes recursos, grande técnica e remate. Parece sul-americano, e justifica sair da Rússia o mais rápido possível.
Foi Assim Que Aconteceu #13
À velha italiana, Capello fintou, para já, aquele que seria um rotundo fracasso. Depois de 2 empates, e de 2 exibições no limite do miserável, valeu o instinto de Defoe e, cúmulo, a Inglaterra até ia ganhando o grupo. O mojo falhou, no entanto, no último minuto, e nos oitavos virá a Mannschaft. Teste tremendo para esta Inglaterra.
Estados Unidos - Argélia, 1-0
Possivelmente o jogo mais emotivo do Mundial. A Argélia não abdicou do seu futebol interessante, bem construído e bem feito até onde dava, e, perante o desiqulíbirio a que os Estados Unidos se vetaram a partir de certa altura, teve mesmo condições para marcar e fazer outro resultado. Mas a selecção americana arrancou mais um grande jogo. Sempre com iniciativa, à gente grande, os Estados Unidos reafirmaram-se como uma das selecções que melhor joga neste Campeonato do Mundo, e, com mais presença de espírito e outra experiência, teriam resolvido o jogo bem mais cedo. Valeu novamente Donovan, a materializar um milagre ainda maior do que contra a Eslovénia, e a pôr os americanos no topo do grupo, quando o Eslovénia - Inglaterra até já tinha acabado. A jogar contra o Gana, e emparelhados com o Uruguai - Coreia nos quartos, a equipa de Bob Bradley tem condições para fazer um campeonato histórico. Alma, pelo menos, nunca lhe faltará.
Gana - Alemanha, 0-1
As duas melhores selecções do grupo, sem dúvida. A Sérvia terá mais potencial individual do que o Gana, mas o projecto de Rajevac tornou os ganeses muito maiores do que o paradigma da tradicional selecção africana. Com menos individualidades do que a Nigéria ou os Camarões, o Gana discutiu o jogo na cara com os alemães no campo todo, seguro de si atrás, e com sucessivas iniciativas em apoio no ataque, outra vez sob a lide do trio Ayex, Asamoah e Gyan. A Alemanha jogou menos do que contra a Austrália ou contra a Sérvia, mas isso não significa que tivesse estado ausente do jogo. Podia ter marcado mais cedo, e justificou sempre a passagem que devia ter estado garantida ainda antes deste jogo. Depois, valeu novamente o génio de Özil, por estes dias, a par de Messi, o melhor jogador da competição.
Austrália - Sérvia, 2-1
A Austrália, mesmo sem nunca ter deslumbrado, caíu pela goleada do primeiro jogo. A experiência da equipa acabou por valer a recuperação mental. A Sérvia, pelo potencial enorme que tem, é uma grande desilusão. Depois de bater a Alemanha, foi absurdo o espalhanço contra a selecção mais modesta do grupo.
Slap Bet #14
Paraguai - Nova Zelândia, 1-0
Dinamarca - Japão, 1-1
Camarões - Holanda, 0-1
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Slap Bet #13
Estados Unidos - Argélia, 1-0
Gana - Alemanha, 1-2
Austrália - Sérvia, 1-2
Foi Assim Que Aconteceu #12
Jogadores:
México - a equipa de Aguirre é uma selecção com um potencial tremendo. Já tínhamos visto os miúdos Giovanni, Effraín, Vela, Hernández,e desta vez brilhou mais um: Barrera. Com o 7 nas costas, tem agilidade, técnica, e qualidade a meter a bola. Parece que em todos os jogos aparece mais um.
Uruguai - Forlán está por mérito próprio nos melhores do Torneio. Sabe-se como é difícil ser o maior nome duma Selecção média, a responsabilidade que isso acarreta, mas para Diego é tudo normal. Mesmo que seja, por estes dias, uma espécie de 10. Mais do que Suárez hoje, no super-trio uruguaio, falar de Cavani: ainda que com menos instinto que os colegas de ataque, tem tudo para se afirmar como um grande avançado. Corpo, remate e cruzamento.
França - África do Sul, 1-2
Saíu a França como mereceu. Sem vitórias, com um único golo, e no último lugar do grupo. Esperava que corresse mal, mas Domenech fez questão de garantir que corria ainda pior. Numa altura em que se especula sobre tudo e mais alguma coisa, uma certeza permanecerá: o descalabro da França é da responsabilidade dum homem acima de todos. Do mesmo homem que disse a Scolari "fodi-vos outra vez", o mesmo que hoje deixou Parreira de mão estendida. Um sujeito repugnante, protegido por uma campanha à sombra do génio dum dos maiores de sempre, em 2006, e que nunca justificou, além disso, comandar uma selecção de tanto potencial. Depois de cuspir na cara de toda a gente, e de excomungar uns quantos dos seus próprios jogadores, chegou ao dia em que os que sobraram lhe viraram as costas. Hoje, Domenech morreu para o futebol.
Sobre a África do Sul: 1 vitória sobre a França, 4 pontos, e a golos do apuramento. Ainda que nunca tenham estado verdadeiramente perto da qualificação, os sul-africanos honraram a festa, emprestaram alegria ao jogo, e foram bonitos de ser ver. O oposto do adversário de hoje, portanto. Um bem-haja.
Grécia - Argentina, 0-2
O primeiro pleno da competição. Sem adversários de peso até às meias-finais, a expectativa segue grande em torno de Maradona, mas o jogo com o México já será consideravelmente mais difícil do que os da fase de grupos. A Grécia foi uma desilusão.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Slap Bet #12
Foi Assim Que Aconteceu #11
Cosa Nostra #2
Va te faire enculer Domenech, sale fils de pute
domingo, 20 de junho de 2010
Um par de ideias dum gajo que gostava de ganhar amanhã
Foi Assim Que Aconteceu #10
Não sei o que jogava a República Checa para ter sido eliminada pela Eslováquia, mas devia ser mesmo muito pouco. Os eslovacos são uma das selecções mais miseráveis da prova e, sinceramente, nem se tivessem ganho à Nova Zelândia, na 1ª jornada, se teriam ficado mais perto da qualificação. Mesmo com alguns nomes reconhecidos no meio internacional (Hamsik, mas também Skrtel ou Vittek), o que se viu foi uma equipa incapaz de, em 90 minutos, fazer 3 passes seguidos, e que não conseguiu criar perigo antes do minuto 92. Se por acaso acontecia da bola pingar perto da área paraguaia, os eslovacos encarregavam-se imediatamente de resolver a situação.
O Paraguai foi um vencedor indiscutível, mas continua sem impressionar. A qualidade média da equipa deu e sobrou para a Eslováquia mas, pese um ou outro lance bom (o 1-0, por exemplo, é magnífico), não invalida que sejam os paraguaios a equipa americana menos entusiasmante. Depois de marcar, a equipa ainda por cima perdeu quase todo o (pouco) interesse que tinha no jogo, e limitou-se a gerir, ainda que, mesmo distante do jogo, tenha feito o suficiente para o 2-0.
Jogadores:
Paraguai - MVP foi o Lucas Barrios. O argentino naturalizado é claramente o melhor jogador da Selecção. Muito bom tecnicamente, ágil, é um avançado móvel de grande qualidade. Vera, um 8 moderno, não devia andar perdido no Equador. É o jogador que empresta maior intensidade à equipa.
Itália - Nova Zelândia, 1-1
O resultado falará por si. A Itália vai levando à letra a tradição de começar mal mas, se nem dá para ganhar à Nova Zelândia, é razão para preocupações. Num grupo mais competitivo, a qualificação poderia estar realmente em causa. Assim, continuo a contar com os italianos nos oitavos.
Brasil - Costa do Marfim, 3-1
4 golos enganam quem não viu o jogo. Nem o Brasil deu um salto qualitativo depois da Coreia do Norte, nem a Costa do Marfim manteve a intensidade do jogo com Portugal. A primeira parte foi, portanto, um mergulho em negrume táctico, com os marfinenses completamente fechados e inócuos, e a Canarinha a tentar aqui e ali, mas com pouco sucesso. Voltaram a valer ao Brasil as individualidades, desta vez um fantástico bis de Luís Fabiano, que garantiu, ainda a 2ª parte ia no início, um enorme pontapé no jogo.
Depois o Brasil começou a brincar, o que visualmente foi a melhor fase do jogo, a Costa do Marfim ficou no vazio, e chegou a parecer que poderiam ser mais do que 3. Foi pena que, na mesma altura em que Drogba trouxe a equipa de volta ao jogo, a maioria dos colegas tenha posto o jogo de parte, e começado a bater forte e feio. Foi Elano para a rua, parou o futebol, foi Kaká para a rua (numa expulsão justa, ao contrário do que se escabelou Paulo Catarro na RTP) e o jogo morreu. Bom resultado para Portugal, no entanto.
Jogadores:
Brasil - MVP o Fabuloso, como é óbvio. Num jogo amarrado, dois golões como os que Fabiano marcou hoje fazem ainda mais diferença. Extraordinário. Elano joga sempre bem, um pouco como Maicon. Menos Robinho hoje.
Costa do Marfim - Não percebo a opção de Eriksson em pôr Gervinho no banco. O 10 entrou, e mudou a face do jogo marfinense. E ter Drogba faz toda a diferença: duas oportunidades, Júlio César batido em ambas.
sábado, 19 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #9
Jogadores:
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Sobre esse incandescente e apaixonante mundo dos observadores
1. Pedro Proença
2. Olegário Benquerença
3. João Ferreira
4. Jorge Sousa
5. Duarte Gomes
6. Lucilio Baptista
7. Bruno Paixão
8. Artur Soares Dias
9. João Capela
10. Paulo Costa
11. Carlos Xistra
(...)
15. Elmano Santos
(...)
23. Pedro Henriques
24. Jorge Tavares
25. Luis Reforço
Ao contrário da opinião mais ou menos generalizada de há dois ou três anos, nunca olhei para ele como o Melhor Árbitro do país. Já o vi falhar clamorosamente no estádio, devido ao seu repentismo mascarado de determinação, e essa inconsequência foi uma marca indelével da sua carreira. Há coisas, no entanto, que nunca pus em causa sobre ele: Pedro Henriques sempre me pareceu um árbitro honesto e comprometido com o jogo. Se falhava, falhava pela própria cabeça, pela maneira como entendia que a arbitragem devia ser. Pedro Henriques sempre projectou o jogo como menos cerrado do que era por cá, menos feio e menos faltoso, e, pese os erros crassos de juízo, esse é um pequeno legado que lhe deve ser reconhecido, uma visão legítima.
Nos últimos tempos, é verdade que tinha vindo a perder um certo protagonismo, mas confesso que nunca pensei vê-lo baixar de categoria. Tudo se torna mais absurdo quando vemos, empedernidos no top-10, personagens escarráveis como Duarte Gomes, Lucílio Baptista ou Bruno Paixão. Há coisas que não fazem sentido, e Pedro Henriques ser pior do que esses, ou do que Xistra, Elmano ou Marco Ferreira, é uma delas. Talvez tenha melhorado aqui ou ali, ficado menos sombrio, mas continuam a ser tortuosos os caminhos do futebol português.
Foi Assim Que Aconteceu #8
Mais do que o resultado surpresa, o que vale a pena salientar é que a Alemanha caíu mas, indiscutivelmente, caíu de pé. A equipa surgiu menos fogosa do que contra a Austrália, mérito da Sérvia, claro, ficou com 10 e sofreu um golo no minuto seguinte, mas, se queremos ver a génese daquela mentalidade, vemos os primeiros 20 minutos da segunda parte. Com 10, a Alemanha encostou a Sérvia, jogou muito futebol, teve 3 ou 4 oportunidades claras, e só vergou, no limite, depois de Podolski ter falhado a maior de todas, o penalty. Mesmo dobrada, a equipa de Low acabou com 3 médios de ataque e 2 pontas-de-lança, deixando tudo por tudo em campo. É bonito ver a Argentina ultrapassar dificulades com o seu dream team, ou ver a Espanha, mesmo a perder, a não alterar um milímentro da sua filosofia de jogo. Mas se queremos ver alma, vemos a Mannschaft. Apesar da salada em que ficou o grupo, a Alemanha continua como favorita para seguir em frente, mesmo que já não em primeiro.
A Sérvia foi uma boa surpresa. A equipa começou discreta, algo insegura, e, mesmo que durante o jogo tenha demonstrado várias fragilidades ao nível do controlo de jogo (com mais um em campo, teve muita dificuldade em segurar a Alemanha), ficaram notas muitas boas ao nível da transição ofensiva. Uma equipa rica tecnicamente, com um futebol muito apelativo a sair, aberto, alegre, assente numa frente de ataque muito boa. O golo é uma jogada fantástica, das melhores colectivas da competição, e, mesmo com o peso da Alemanha em cima, viram-se mais uma série de jogadas francamente bem desenhadas. A defrontar a Austrália na última jornada, a equipa de Antic pode ter dado um tremendo pontapé no destino.
Jogadores:
Alemanha - Jogo inglório de Podolski. Foi o centro de todo o jogo alemão, foi de uma vivacidade tremenda, mas falhou tudo, incluíndo o penalty. Foi pena. Özil voltou a espalhar perfume (é um maestro ao nível do passe), e Schweinsteiger emprestou à equipa alguma da alma do ausente Ballack.
Sérvia - Pueril a defender, valeu à equipa o show da frente de ataque. O MVP foi Kräsic, extremo-direito, o poderoso extremo-direito do CSKA que fez a vida negra à defesa alemã. Zigic, no apoio permanente (os seus mais de 2 metros são muito bem utilizados para a equipa) e Jovanovic, sempre o mais perigoso, completaram o leque. Stojkovic, o renegado do Sporting, por ter defendido o penalty, foi decisivo.
Eslovénia - Estados Unidos, 2-2
Um jogo de confirmações, naquelas que se arriscam a ser as duas melhores equipas do grupo. A Eslovénia, uma criança nestas andanças, chegou ao 2-0 que lhe garantiria uma extraordinária qualificação à 2ª jornada, mas os Estados Unidos ainda foram a tempo de uma não menos elogiável recuperação, falhando inclusive o 2-3 por um erro crasso do árbitro. Do pouco que vi, foram duas grandes presenças em campo, fora os grandes golos (excelente Donovan). Torço por ambos, na última jornada.
Inglaterra - Argélia, 0-0
A Inglaterra de Capello é a maior desilusão deste Mundial. Com um resultadista no banco, o potencial individual e a média de 3,5 golos por jogo na qualificação, as expectativas só podiam estar altas. Facto é que, ao fim de dois jogos, há pouco para contar. A Inglaterra não tem fio de jogo, não tem rasgos individuais e é constrangedoramente má nas acções atacantes. Mais do que não ter último passe, perde bolas de uma maneira compulsiva, enrola-se, e não consegue fazer um jogada com princípio, meio e fim. Mau de mais para ser verdade.
A Argélia, dentro das suas limitações, levaria os 3 pontos, a haver um vencedor. Mesmo pouco objectivos, os norte-africanos fizeram uma primeira-parte admirável, com bom toque, boa atitude e um futebol bom de ver. Sem grandes oportunidades (não as houve, para nenhum dos lados), os únicos rasgos de velocidade e as boas transições pertenceram-lhes. Na 2ª parte, mesmo com a apatia inglesa, o ritmo baixou, e passou a ser evidente um certo conformismo com o empate. Com 1 ponto à partida para a última jornada, terá sido o adeus. A Inglaterra, a jogar assim com a Eslovénia, fica pelo caminho.
Jogadores:
Inglaterra - entre a pobreza que foi, menção só para os serviços mínimos de Lampard e Ashley Cole. Rooney continua irreconhecível, e a meia direita é uma dor de cabeça.
Argélia - MVP foi Nadir Beladjh, o ala esquerdo do 3-4-3. Rápido e muito forte, fez uma dupla de luxo à esquerda com Ziani (grandes pés!), da qual Glen Johnson não gostará de se lembrar.
O país em que é preciso morrer primeiro
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #7
Vi pouco, mas a Argentina pareceu bem mais alegre do que na abertura. Contra uma Coreia com tudo para ser mais dura do que os nigerianos, a Alviceleste arrancou momentos de grande futebol (que luxo é ver a Argentina ao primeiro toque!) e, com um ou outro momento de sorte (o 1-0, claro), garantiu um resultado à la Maanschaaft. É bom ver o 11 de Maradona a crescer.
Grécia - Nigéria, 2-1
Depois de estar a perder, com uma ridícula expulsão adversária, e um golo de ressalto, a Grécia emendou a mão com a sua muita escola. Ainda assim, a Coreia do Sul é favorita aos oitavos.
França - México, 0-2
Vitória indiscutível mexicana, e a França com pé e meio fora do Mundial. A equipa de Aguirre surgiu como a tínhamos visto com a África do Sul: ataque sumarento, um pressing alto e muita velocidade, o que, pese a boa atitude francesa na primeira meia hora, colocou-a sempre como a equipa mais vistosa e perigosa em campo. À medida que o jogo avançou, os franceses optaram por amolecer o jogo, confiantes na experiência e, mal menor, num empate que lhes seria favorável na última jornada. Saíu-lhes mal, uma vez na vida. O México fez justiça, num grande lance, e até deu para o lendário Blanco se tornar, por certo, num dos mais velhos de sempre a marcar em Mundiais. A precisar duma derrota uruguaia por mais do que um golo, e de ganhar por mais de dois, já nem um milagre deverá salvar Domenech. E que bonito isso é.
Jogadores:
França - custa ver um jogador do nível de Ribéry perdido num mar tão grande de indefinições e de más ideias. O melhor jogador acabou por ser Toulalan, trinco tremendo, o único foco de equilíbrio e de pensamento da equipa. Sempre forte, não perde bolas nem falha passes.
México - MVP foi o Rafa Márquez. O Kaiser, desta vez no meio-campo, foi o dínamo da equipa, e, das suas extraordinárias bolas longas (em fusão com o futebol puramente técnico mexicano), saíram muitos calafrios para a defesa francesa. A assistência para o 1-0 é monumental. À esquerda, Salcido arrancou mais um grande jogo. Hernández, pelo gelo a finalizar o 1-0, merece a referência.
quarta-feira, 16 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #6
Só vi o jogo a espaços, mas foi suficiente para chegar a uma conclusão: o Chile é provavelmente a equipa sul-americana com mais capacidade para entusiasmar, fora Brasil e Argentina. O adversário eram as Honduras, mas o futebol praticado teve assinatura. Velocidade, repentismo, às vezes até primeiro toque (o golo é uma jogada muito boa). A Espanha que se cuide.
Espanha - Suíça, 0-1
África do Sul - Uruguai, 0-3
Jogadores:
África do Sul - Numa equipa menos reactiva do que contra o México, Tshabalala voltou a ser o melhor, pese o desacerto. Mete o consagrado Pienaar no bolso, como melhor jogador dos Bafana. O médio direito Modise, ainda que muito exposto (não é um jogador rápido), também tem valor, e merecia outro enquadramento táctico.
Uruguai - o Forlán (MVP) é incrível. Mais do que o monumento que marcou, ou o bis, é impressionante o que pode render, literalmente , onde for preciso. Como Milito, merece, do fundo da alma, uma oportunidade num grande europeu. O Suárez também fez um grande jogo. Não como o matador que marcou 35 golos no Ajax, este ano, mas como um muito dotado avançado livre na frente. Cavou o penalty e fez a assistência para o 3-0.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #5
A componente emocional entrou ao barulho, naquela que seria mais uma vitória da disciplina europeia. Estreia bonita do país do Rugby, em Mundiais.
Ainda que a vitória não se ponha em questão, o Brasil soou a desilusão nesta estreia. A equipa foi montada por Dunga em 4-3-1-2 (com 2 trincos e sem extremos), mas isso não justifica um jogo tão pouco criativo e preso por arames. O toque de bola está lá, como é óbvio, a mobilidade de Kaká e Robinho e o jogo de laterais são claras mais-valias, mas o Brasil é muito poupado no risco atacante, e pouco ágil na procura por soluções. Hoje, a sensação foi que a regra era o deixa andar, porque, a dada altura, alguém ia resolver. Resultou com a Coreia do Norte (a maneira como Maicon desamarrou o jogo é magistral), mas dificilmente será uma abordagem rentável contra adversários de outros recursos. Os norte-coreanos são uma Selecção de talento escasso, rudimentar nas ideias de construção, que nunca poderá discutir o grupo. Sobra-lhes, no entanto, a boa atitude, a agressividade, e o futebol linear que, apesar de tudo, até podem complicar a vida a boa gente. Isso e Tae-Se, um jogador de outro campeonato.
Jogadores:
Brasil - MVP o Robinho, o menino do Rio. Com o Kaká diminuído, foi o ex-Real quem assumiu a liderança do ataque, e o seu talento nunca deixa de impressionar. Tivesse cabeça e, em vez da sabática no Santos, andaria, por certo, a discutir troféus com Ronaldo e Messi. A qualidade de Elano, e a pujança dos laterais (o portentoso Maicon, mas também a adaptação Michel Bastos) foram as restantes notas boas do jogo brasileiro.
Coreia do Norte - É cair no óbvio, mas a diferença entre Tae-Se Jong e os restantes, é um abismo. O Rooney da Ásia, sem ser um fenómeno, tem, realmente, um potencial assinalável: leitura de jogo, capacidade para segurar a bola e, sobretudo, velocidade e uma grande finta. É todo ele um grito por oportunidades no futebol de 1º mundo.
Afinal fomos roubados
Cosa Nostra #1
Mau de mais para ser verdade. Mesmo consciente das fragilidades da Selecção, acho que era obrigatório esperar bem mais do que a pobreza grosseira do jogo de hoje. Portugal entrou, não no 4-3-3 aberto do costume (nunca no 4-4-2 losango...), mas num 4-2-3-1 cujas características principais foram prender o Meireles ao lado do Pedro Mendes, e dirigir o Ronaldo e o Danny para longe das alas, para atacarem por dentro. Se, na primeira meia-hora, ainda deu para disfarçar, dado um certo pudor da Costa do Marfim, assim que a equipa de Eriksson se apercebeu da nossa total falta de capacidade construtiva, foi um deus nos acuda.
Com o Meireles castrado, e 5 homens tão próximos no meio-campo, se é verdade, que, durante bastante tempo, conseguimos manter a Costa do Marfim a produzir pouco, também é verdade que ficamos a produzir ainda menos. Tem piada ouvir o Queiroz falar, no fim do jogo, do anti-jogo moral dos marfinenses, quando fomos nós, em primeira instância, quem alienou o nosso próprio estilo e, assustados, assumimos que não éramos suficientes. Do jogo, cru e duro, ficou uma única bola de golo, nascida dum segundo de génio do Ronaldo mas que, honestamente, nem é justo dizer que podia ter mudado o jogo, tão evidente foi o degredo desta tarde.
A Costa do Marfim foi uma excelente surpresa. Não a nível de qualidade individual, porque era difícil duvidar disso, mas pela fantástica disciplina táctica que Eriksson lhe imprimiu, a qual eu duvidava sinceramente que ele ainda fosse capaz de garantir. A equipa soube, sobretudo, gerir muito bem os momentos do jogo, e ultrapassar o respeito inicial pelo adversário, e a nossa malha defensiva, para acabar violentamente em cima de nós, como verdadeira senhora do jogo, a merecer, indiscutivelmente, ganhar o jogo. Se há um favorito ao 2º lugar do grupo, não é, por certo, Portugal.
Jogadores:
Portugal - Pessoalmente, o nosso melhor jogador foi o Coentrão. Não a atacar, onde costuma ser mais visível, mas com uma exibição defensiva no limite da perfeição, como se tivesse lá jogado a vida toda. Está um senhor jogador. O Meireles também foi relativamente visível, pese o seu posicionamento transviado, e o Pedro Mendes foi competente.
Pela negativa, o Danny falhou, como foi evidente, tal como o Deco, o Ronaldo e o Ricardo Carvalho estiveram bem áquem do que podem fazer. O Liedson, tão sozinho no ataque, é absurdamente inútil. Mas o pior de todos foi o Paulo Ferreira. A uma rigorosa inépcia ofensiva, juntou-se um dos maiores desastres defensivos de que me lembro de ver na Selecção A, uma violação sanguinária que só por milagre não fez estragos. Está em má forma e, se nem sequer justifica na componente defensiva, não pode nunca voltar a ser titular.
Costa do Marfim - o MVP foi o Gervinho. Tremendamente hábil e rápido, mais a oposição sofrível que teve, renderam-lhe todo um festival de bom futebol ofensivo. A defesa em bloco (os irmãos Touré, mais os poderosíssimos laterais) também justificam a referência.
E o Drogba não joga
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Slap Bet #5
Costa do Marfim - Portugal, 0-2
Brasil - Coreia do Norte, 3-0
Foi Assim Que Aconteceu #4
Foi Assim Que Aconteceu #3
Não vi (apesar de ter sido o primeiro resultado na mouche). Foi o materializar da genética consistência europeia (pese a sorte no golo), patente até nas selecções mais modestas, como a Eslovénia, sobre uma das maiores condenadas à partida. Ainda assim, é difícil que os eslovenos belisquem o favoritismo anglo-saxónico.
Sérvia - Gana, 0-1
Alemanha - Austrália, 4-0
Provavelmente o melhor jogo da prova até agora, e, indiscutivelmente, a maior demonstração de força deste Mundial. A Alemanha surgiu no estilo que a caracteriza, poderosa, objectiva e linear, e isso rendeu-lhe um jogo fulguroso, pleno de transições rápidas e duma violência à prova de dúvidas. O melhor futebol da prova. Da Austrália, esperava mais. A equipa parece longe da mentalidade competitiva de 2006, e surgiu muito fechada, a tentar contrariar os alemães com uma defesa subida, e os sectores muito próximos. Correu mal. Ao zero ofensivo, juntou-se uma avenida nas costas da defesa que foi, pura e simplesmente, engolida pelo extraordinário ataque alemão. Foram 4 e, não fossem os falhanços de Klose, teriam sido mais. Seja bem-vinda esta enorme Alemanha.
Jogadores:
Alemanha - MVP: Mesut Özil. O filho de turcos, um desconhecido para mim, é uma verdadeira pérola. Inteligente, ágil, perfeito na leitura, no apoio e no passe, foi ele o principal responsável pela pulverização australiana. A maturidade do miúdo Muller, a dimensão de Lahm (possivelmente o lateral mais equilibrado do mundo) e a explosão de Podolski, fizeram o resto.
domingo, 13 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #2
Argentina - Nigéria, 1-0
Surpreendeu não o resultado, mas a postura. Estava à espera duma Argentina que se expusesse muito atrás, mas que fosse poderosa na frente, mas facto é que a equipa marcou cedo, e, depois disso, revelou sempre um tremendo pudor em sair livre no ataque, optando, com tanta fartura na frente, por um quase inestético futebol de circulação. A questão é que, ao contrário do caso espanhol, o "tiki-taka" argentino não foi perfumado, mas antes cansativo, e viveu à espera que Messi inventasse qualquer coisa ou que, no contra-ataque, chegasse o 2-0. A Nigéria foi contida como pôde, mas tal foi a falta de fome argentina, que a equipa aceitou o convite para crescer, e acabou, pela vertigem de velocidade que se lhe reconhece, a ter bolas para o empate. A vitória argentina é justa, ainda assim.
Jogadores:
Argentina - o MVP foi o suspeito do costume. Leo Messi não marcou, mas deu um autêntico show, inventando, sucessivamente, oportunidades sobre oportunidades, todas na base do one man show. Um must. Merece ainda nota o jogo do velho Véron, um filósofo da leitura de jogo, e de quem dependem quase todas as boas ideias da transição argentina. Piores Di María, muito muito verde ainda, e Higuáin, com o desacerto que de vez em quando o persegue.
Nigéria - um nome a reter: o guardião Vincent Enyeama (um antigo mito de Manager), a alma que manteve a Nigéria no jogo até ao último minuto (Messi que o diga). Tayo, o defesa-esquerdo do Marselha para a vida, também deu de si.
Inglaterra - Estados Unidos, 1-1
Jogadores:
Inglaterra - a maior figura foi Emile Heskey. O trintão do Aston Villa foi a referência do ataque, fez o passe magistral para o golo de Gerrard, e foi, quase sempre, a única mais-valia segura do ataque inglês.
sexta-feira, 11 de junho de 2010
Foi Assim Que Aconteceu #1
Jogadores:
México - o MVP foi o Giovanni dos Santos. Ao nível dos tempos no Barça, foi todo um manual de futebol perfumado, de técnica pura, que esteve em quase todos os grandes lances mexicanos do jogo. Na retina, além do grande jogo do capitão Torrado (inteligente e equilibrado, é a luz do meio-campo mexicano), ficou o lateral/ala direito Aguilar, senhor duma primeira parte fantástica, e que ainda joga no Cruz Azul local. Sinal menos para o Guille Franco, muito perdulário, e para o deus nos acuda que é o guarda-redes Óscar Pérez, a grande distância, o ponto mais fraco da equipa.
África do Sul - Depois da primeira-parte, parecia necessário um milagre para ver qualquer coisa. E se a África do Sul esteve tão perto da vitória, a culpa foi, acima de todos, do pique impressionante e do acerto técnico de Tshabalala, um extremo canhoto muito maior do que a Liga Sul Africana onde ainda joga.
Uruguai - França, 0-0
Sem surpresas. Jogo paupérrimo da França, pese o melhor pendor ofensivo que podia ter valido a vitória. Uma equipa sem ideias, seca, na linha do que já se esperava. Desiludiu-me um pouco o Uruguai, apesar de estar consciente da inexperiência a este nível da equipa, que, num esquema de 3 defesas, e com o Forlán e o Suárez na frente, produziu muito pouco. Duas equipas esgotadas, com o seu quê de conformismo e auto-consciência da pouca vivacidade.
Jogadores:
Sem ninguém se ter destacado especialmente, Dieguito Forlán terá sido o mais inconformado, e o jogador mais em jogo perto das áreas.
Grupo A
Mantenho que o México é favorito a ganhar o grupo. E, se fosse pelo exemplo de hoje, era a África do Sul, pese todas as fragilidades defensivas, quem seguiria em frente. Contudo, como é óbvio, a rodagem francesa tem muitas condições para ter uma palavra a dizer nestas contas. O Uruguai, pela amostra de hoje, parece ter muito poucos argumentos para a luta.
Moon
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Ár-rren-ti-na (ou como torcer por Maradona é, simplesmente, uma questão de fé)
"Argentina, Argentina. Vinte anos depois, El Pibe tem nas suas mãos a hipótese de esquecer as lágrimas da final perdida contra a Alemanha no Mundial de 90. O tri, que todos os portugueses bons chefes de família esperam, está a um passo curto que se dança sobre a corda da, digamos, pouca apetência de Maradona para o cargo de treinador. Compensa com o génio estapafúrdio de um louco, as suas tiradas e a fé ilimitada na vontade e no talento dos jogadores que dirige. Continua a ser maior do que aquilo que faz, bigger than life, como se costuma dizer. O que Messi nunca será. O puto que faz anúncios a batatas fritas, dono de um carisma próximo de zero (na escala Pedro Granger), tem de ser mesmo muito, muito bom para ficar na história. Ser melhor do que Maradona pode não chegar, e esta é primeira prova de fogo: o Mundial jogado longe da cama quentinha do Barça e dos magníficos centro-campistas da cantera (Xavi, Iniesta, Pedro."
tudo via Arrastão
Isto é só para assustar, a partir de amanhã somos todos civilizados outra vez
"A polícia sul-africana revelou esta quinta-feira que houve um roubo no hotel da selecção da Grécia, nomeadamente no quarto de três jogadores, em Umhlanga." (a bola)
"Quatro jornalistas chineses foram assaltados na África do Sul, segundo informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, citado pela agência Efe." (maisfutebol)
A masterpiece
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Considerações divagantes sobre toda uma parafernália que não me vai dar um bom estágio
Pese a grosseira falta de carisma do Queiroz, pese as hesitações, as más opções e a falta de agilidade no banco, é daquelas coisas em que é difícil ser razoável. Com todas as fraquezas, não consigo deixar de acreditar que as coisas vão correr bem na África do Sul, mesmo contra a maioria das expectativas. Sendo rigoroso o mais possível, digo que há um objectivo essencial: passar a fase de grupos. Menos do que isso será um falhanço rotundo e, mesmo incluídos no grupo da morte, é algo em relação ao qual não há nada a contemporizar. Depois disso, é toda uma nova realidade, com a eliminação directa e os jogos que chegam à pele. Em princípio, admitindo que não ganhamos o grupo ao Brasil, o adversário mais provável nos oitavos é a Espanha, e, contra a melhor selecção do Mundo, não somos favoritos. É onde o jogo vai entrar na dimensão mais emocional e onde, lucidamente, é injusto exigir mais. Sem que isso seja sinónimo de pensar pequeno, uma passagem aos quartos já seria sinónimo de um grande Mundial.
Os Favoritos
Não fosse o histórico passado derrotista, e os favoritos claros seriam a Espanha e a Inglaterra. Os campeões da Europa e a nova selecção de Capello foram quem teve os últimos 2 anos mais consistentes, quem jogou mais e melhor, e quem chega à África do Sul mais cheio de si. Ainda assim, é deslocado da realidade não incluir no lote a Alemanha, a Itália e o Brasil. Os dois primeiros, porque estão condenados a ter resultados (a Alemanha, apesar das lesões, chega saudável, depois duma qualificação fantástica; a Itália, mesmo com a má preparação, tem o velho Lippi de volta ao banco), e o Brasil porque, apesar da perturbadora falta de individualidades (em relação a 2006 não estão Ronaldo, Adriano e Ronaldinho...), surge como uma equipa muito equilibrada, disciplinada e coesa mentalmente (mérito de Dunga).
Desilusão, se é que lhe podemos chamar isso, também me parece ir ser a maior participação africana da História, no primeiro Mundial africano da História. A Argélia e a África do Sul são muito desconfiáveis (pese os bons resultados que Parreira tem conseguido na preparação), os históricos Nigéria (que tem o maior potencial de todos) e Camarões autênticos exércitos desgovernados, e a Costa do Marfim não é uma selecção com sorte. Talvez o Gana, mas o grupo (Alemanha, Sérvia, Austrália) é muito competitivo, e a orfandade de Essien não ajuda. Parece-me que caem todos à primeira.
As Apostas
Tenho expectativas tremendas para o Chile. A preparação tem sido fantástica, e chega-se com grande espírito ao Mundial. O ataque é um must (Mark González, Valdivia, Suazo, Alexis Sanchéz, até um transfigurado Mati Fernández) e, no banco, está um velho caminhante argentino, um ancião das Selecções, Marcelo Bielsa. Acredito no sucesso, ainda que, a passar, apanhe Brasil ou Portugal.
Final Four
Aposto num Argentina-Inglaterra e num Holanda-Brasil. Inglaterra-Brasil para a final. E ganha o Capello.