Uruguai - Coreia do Sul, 2-1
Foi a vitória do talento individual sobre a estrutura. A primeira parte foi equilibrada, mas, na 2ª, ainda que o resultado incentivasse a isso, só se viu a Coreia. O coração estava em campo, mas os coreanos produziram um futebol muito agradável, forte nas transições, sempre cuidado no passe e sem jogo directo. Empataram, tiveram tudo para marcar o 2º golo, mas, dum total apagão uruguaio, surgiu um momento genial de Suárez, e acabou. Com um pouco mais de qualidade individual, provavelmente a Coreia teria tido outra sorte. O Uruguai terá, contudo, mérito. A equipa de Tabárez potencia o talento do ataque com um meio-campo de puro trabalho e, se calha de marcar primeiro, como tem acontecido, desliga o jogo, e é um osso muito duro de roer. Hoje terá exagerado um pouco nisso, o que permitiu um ascendente enorme da Coreia, na 2ª parte, e o empate, mas, no fim, acabou por ter a estrelinha. Ainda assim, os princípios estão lá e, a saber que não vai encontrar nenhum monstro nos quartos, o cinismo do Uruguai parece marcar pontos, rumo a uma incrível chegada às meias-finais.
Jogadores:
Uruguai - Suárez sairá do Mundial com o dobro da credibilidade que os 50 golos no Ajax lhe renderam. Com qualidade para fazer mossa em toda a frente de ataque, juntou hoje, ao instinto dentro da área, criatividade para inventar golos, e decidiu a qualificação da equipa. Nota, também, para o coração da equipa, nomeadamente Diego Pérez (o trinco), Rios (o interior direito, que cai, muitas vezes, para 2º pivot), e Álvaro Pereira, que começou mal, mas que cada vez se enquadra melhor nas funções de interior esquerdo. Estará neste meio-campo de sacrifício uma das principais razões para o Uruguai ser tão forte a matar o jogo adversário.
Estados Unidos - Gana, 1-2
Os Estados Unidos terão sido a equipa com mais carácter que passou pela África do Sul. Um coração do tamanho do mundo, que valeu para quase todas as dificuldades, duma qualificação no último minuto, até 3 (!) recuperações (uma de dois golos), depois de estar a perder. Este era, contudo, como é fácil de perceber, um tipo de jogo perigoso, e hoje não foi suficiente. A defesa americana, o sector mais pobre da equipa, facilitou muito, e a qualidade do Gana a vários níveis fez o resto. Ainda assim, ficou o jogo positivo de sempre, bem trabalhado, pese todos os problemas de construção e essas fragilidades atrás. O Gana passa, e passa muito bem. Considerei-os favoritos à partida, e a selecção de Rajevac, sem ter sido declaradamente superior, mostrou sempre mais segurança, mais maturidade e mais talento. É uma selecção cativante, que mistura o perfume africano com a adultez táctica europeia, e que seria bonita de ver numa fase ainda mais adiantada da prova. Nos quartos, espera-a, no entanto, o calculismo uruguaio.
Jogadores:
Estados Unidos - Altidore voltou a cativar. Sem ser um matador, é um colosso na área, ganha muitas bolas e mexe-se com inteligência. Com 20 anos, será um jogador com potencial para aparecer nos próximos anos.
Gana - MVP o capitão Kingston. Não que os Estados Unidos tenham sufocado a área ganesa, mas o guardião foi determinante quando teve de intervir. Gyan fez mais um grande jogo, e o golo é extraordinário: no meio de dois defesas, sem se desiquilibrar, e a olhar antes de rematar. Oxalá lhe reconheçam o talento, porque, repito, é um desperdício andar no Rennes. Boateng, pela capacidade que tem a sair a jogar, para um trinco, é um jogador muito interessante.
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