domingo, 27 de junho de 2010

We were born ready motherfuckers, ou a antevisão sócio-cultural duns oitavos-de-final

Os espanhóis são a melhor selecção do Mundo. São os campeões da Europa, têm o melhor guarda-redes do mundo, o melhor central do mundo, os melhores médios centro do mundo e um dos melhores pontas-de-lança do mundo. Têm, também, o melhor tenista do mundo, um dos melhores pilotos e um dos melhores basquetebolistas. E ainda têm o melhor campeonato de futebol do Mundo. Social e culturalmente, são eles os patrões da Ibéria. A nossa economia depende deles, toda a nossa realidade social e cultural é influenciada por eles, e as lojas deles estão por todo o lado. Historicamente, fomos uma espécie de espanhóis num tempo distante, e eles nunca gostaram dessa merda da independência, e invadiram-nos, e foderam-nos a vida, e voltaram a mandar em nós e isso tudo. Sempre se deram como nuestros hermanos mas, no fundo, para eles somos aqueles pequeninos sobre quem eles têm a asa, o parente pobre, os filhos dum deus menor, e todo o caralho de analogias que nos faça parecer coitadinhos ao pé deles. E é vê-los abrir as comportas dos rios que nascem lá e nos foder de inundações aqui, tentarem engolir as Desertas e as Selvagens para aumentarem a zona marítima, cobiçarem e colonizarem a nossa fronteira toda e, cúmulo, nos darem sempre 6 pontos na Eurovisão, depois de nós nos prostituirmos e lhes darmos sempre 12.

A verdade é que eles não passam duns derrotados crónicos e podres. São tão pigs como nós, e, apesar de todas as condições, também na metáfora de vida que é o nosso orgulhoso contexto futebolística da última década, eles vivem para lhes passarmos em cima. Ser espanhol é ser comido por portugueses nas pequenas coisas, é cuspir o nosso pó na corrida aos Descobrimentos, é ser fodido na boca por D. João II e pelo mítico Tordesilhas, é levar com a nossa independência duas vezes, é ser violado em Aljubarrota e ainda levar da padeira, é nunca terem o melhor jogador do mundo enquanto nós produzimos em série aqui, é ficar nos quartos do Euro2000, nos oitavos em 2006, e é levar o golo do Nuno Gomes em 2004.

A diferença entre nós e os espanhóis, não é o facto deles serem maiores, melhores, mais competentes, mais ricos, mais poderosos, mais importantes e o caralho disso tudo. A diferença é que nós não perdemos com espanhóis.

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