terça-feira, 15 de junho de 2010

Cosa Nostra #1

Costa do Marfim - Portugal, 0-0

Mau de mais para ser verdade. Mesmo consciente das fragilidades da Selecção, acho que era obrigatório esperar bem mais do que a pobreza grosseira do jogo de hoje. Portugal entrou, não no 4-3-3 aberto do costume (nunca no 4-4-2 losango...), mas num 4-2-3-1 cujas características principais foram prender o Meireles ao lado do Pedro Mendes, e dirigir o Ronaldo e o Danny para longe das alas, para atacarem por dentro. Se, na primeira meia-hora, ainda deu para disfarçar, dado um certo pudor da Costa do Marfim, assim que a equipa de Eriksson se apercebeu da nossa total falta de capacidade construtiva, foi um deus nos acuda.

Com o Meireles castrado, e 5 homens tão próximos no meio-campo, se é verdade, que, durante bastante tempo, conseguimos manter a Costa do Marfim a produzir pouco, também é verdade que ficamos a produzir ainda menos. Tem piada ouvir o Queiroz falar, no fim do jogo, do anti-jogo moral dos marfinenses, quando fomos nós, em primeira instância, quem alienou o nosso próprio estilo e, assustados, assumimos que não éramos suficientes. Do jogo, cru e duro, ficou uma única bola de golo, nascida dum segundo de génio do Ronaldo mas que, honestamente, nem é justo dizer que podia ter mudado o jogo, tão evidente foi o degredo desta tarde.

A Costa do Marfim foi uma excelente surpresa. Não a nível de qualidade individual, porque era difícil duvidar disso, mas pela fantástica disciplina táctica que Eriksson lhe imprimiu, a qual eu duvidava sinceramente que ele ainda fosse capaz de garantir. A equipa soube, sobretudo, gerir muito bem os momentos do jogo, e ultrapassar o respeito inicial pelo adversário, e a nossa malha defensiva, para acabar violentamente em cima de nós, como verdadeira senhora do jogo, a merecer, indiscutivelmente, ganhar o jogo. Se há um favorito ao 2º lugar do grupo, não é, por certo, Portugal.

Jogadores:
Portugal - Pessoalmente, o nosso melhor jogador foi o Coentrão. Não a atacar, onde costuma ser mais visível, mas com uma exibição defensiva no limite da perfeição, como se tivesse lá jogado a vida toda. Está um senhor jogador. O Meireles também foi relativamente visível, pese o seu posicionamento transviado, e o Pedro Mendes foi competente.

Pela negativa, o Danny falhou, como foi evidente, tal como o Deco, o Ronaldo e o Ricardo Carvalho estiveram bem áquem do que podem fazer. O Liedson, tão sozinho no ataque, é absurdamente inútil. Mas o pior de todos foi o Paulo Ferreira. A uma rigorosa inépcia ofensiva, juntou-se um dos maiores desastres defensivos de que me lembro de ver na Selecção A, uma violação sanguinária que só por milagre não fez estragos. Está em má forma e, se nem sequer justifica na componente defensiva, não pode nunca voltar a ser titular.

Costa do Marfim - o MVP foi o Gervinho. Tremendamente hábil e rápido, mais a oposição sofrível que teve, renderam-lhe todo um festival de bom futebol ofensivo. A defesa em bloco (os irmãos Touré, mais os poderosíssimos laterais) também justificam a referência.

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